
Tem coisa mais improdutiva do que um político postando que participou de uma “reunião produtiva”? Difícil.
É um post que honra o nome da coluna: completamente fora do tom.
A cena, invariavelmente, é sempre a mesma: um político em pé ou sentado, cercado de puxa-sacos e “otoridades”, todos com expressão séria (ou forçando um sorriso) e uma legenda genérica: “Reunião produtiva com o secretário tal. Seguimos trabalhando por nossa gente!”
A pergunta que não quer calar: produtiva por quê? Resolveu o quê? Mudou a vida de quem?
Essa mania de postar foto de reunião como se isso, por si só, fosse uma entrega para a população, é um vício antigo. Uma praga cada vez mais inútil na era em que o eleitor espera mais do que poses e formalidades.
As pessoas não acompanham políticos para ver fotos de gabinete. Elas seguem esperando respostas para uma pergunta silenciosa que ecoa em cada scroll no feed: “o que esse cara tá fazendo que melhora minha vida?”
E é aí que entra o grande vilão da comunicação política genérica: a tal da “reunião produtiva”.
Essa expressão virou um álibi. Um modo educado de dizer que houve agenda política, sem dizer absolutamente nada sobre ela. Serve pra tudo: tanto pra uma conversa de bastidor sobre articulação política quanto pra uma reunião técnica que realmente vai resultar em benefício concreto. E, justamente por servir pra tudo, não serve pra nada.
Fazer o certo não é tão difícil. Se a reunião foi sobre saúde, diga. Se garantiu uma verba, conte o valor. Se cobrou um problema, mencione qual. Não precisa entregar o Diário Oficial, mas precisa pelo menos dar o cheiro do assunto.
É o que chamo – e ensino para alunos e clientes – de gatilho da especificidade. Quanto mais específico, mais interessante e mais crível. Quando você diz que “foi tratar da duplicação da BR-XXX, trecho tal, que mata gente todo mês”, a coisa muda. Porque isso toca. Tem nome, lugar e dor.
Político que não é específico na comunicação parece aquele colega de grupo que diz “podemos conversar?” sem dizer o assunto. Ninguém tem tempo ou paciência. E, na política, atenção é moeda raríssima.
Claro que tem quem poste “reunião produtiva” só pra cumprir tabela. Pra dizer que está ativo, tem agenda cheia ou circula em Brasília.
Mas, desculpe, darei uma péssima notícia: o eleitor não quer ver o político se movimentando. Quer ver resultado. E, se não resolver, pelo menos explicar direito o que está tentando fazer.
Aliás, em tempos de redes sociais, é bom lembrar: reunião não é conquista. Conquista é resultado. E se ainda não deu tempo de ter resultado, então que pelo menos haja narrativa.
Conte o caminho, explique o processo, envolva as pessoas. Mas, por favor: pare de chamar tudo de “produtivo”. Isso é o mesmo que dizer que foi “legal”.
E político que quer ser levado a sério precisa parar de se comunicar como um adolescente contando o dia pra mãe.