
Santa Catarina é o novo destino preferido dos brasileiros que decidem mudar de estado. Dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (27/06) mostram que, entre 2017 e 2022, o estado registrou o maior saldo migratório interno do país, com 354,3 mil novos moradores vindos de outras unidades da federação. O crescimento representa um aumento de 4,66% na população total, a maior taxa entre todos os estados brasileiros.
Esse movimento reforça o protagonismo de Santa Catarina como um dos principais polos econômicos e de qualidade de vida do Brasil. Com uma economia diversificada — que abrange setores como indústria, turismo, tecnologia e agronegócio — o estado vem atraindo pessoas em busca de melhores oportunidades de trabalho, segurança, serviços e bem-estar.
Para o diretor regional do SENAI e diretor de Educação, Saúde & Tecnologia da FIESC, Fabrízio Pereira, esse aumento populacional traz oportunidades e desafios para o setor produtivo catarinense:
“Uma população maior também traz, junto com a oportunidade, a responsabilidade de educar, fornecer qualidade de vida, infraestrutura, segurança, opções de moradia, saneamento e saúde. Alguns municípios não estão preparados para receber um volume significativo de migrantes, e a chegada em massa ou desordenada pressiona os serviços públicos. Para o setor produtivo, o maior desafio segue sendo a capacitação”, explica.
Apesar disso, a chegada de novos moradores ajuda a suprir a elevada demanda por trabalhadores no estado, que tem uma das menores taxas de desocupação do país. Segundo Fabrízio, só até maio de 2025, a indústria catarinense já gerou 40,3 mil empregos, de acordo com dados do Novo Caged.
“A qualificação dessa força de trabalho, no entanto, continua sendo um desafio. O estado precisará de 151,1 mil profissionais com uma nova formação entre 2025 e 2028. E 802,3 mil trabalhadores precisarão de treinamento e desenvolvimento para atualizarem as competências nas funções que já desempenham na indústria e que também são demandadas por outros setores”, afirma.
Outro setor diretamente impactado pela migração é o mercado imobiliário. O presidente do CRECI-SC, Marcelo Brognoli, explica que a chegada de novos moradores aquece o setor e exige profissionais preparados:
“Santa Catarina recebe pessoas de outros estados e países há muito tempo, aumentando a procura por compra e locação. É um movimento constante, apesar dos juros altos. A migração é mais um fator importante para o crescimento expressivo do mercado imobiliário catarinense, que conta com profissionais qualificados para o atendimento das necessidades de quem escolhe nosso estado para morar”, destaca.
Entre as cidades que mais se destacam com a chegada de novos moradores — especialmente estrangeiros — estão Chapecó, Florianópolis, Joinville, Blumenau e Balneário Camboriú. Esses municípios concentram polos industriais, tecnológicos e turísticos, o que atrai tanto investimentos quanto mão de obra.
Mudança no mapa migratório brasileiro
A nova configuração migratória do Brasil mostra que o Sudeste perdeu protagonismo como principal destino de quem decide mudar de estado. Pela primeira vez desde o início da série histórica do IBGE, em 1991, São Paulo teve saldo negativo, com 89,5 mil moradores a menos no saldo migratório entre 2017 e 2022. O Rio de Janeiro também perdeu 165,3 mil pessoas no mesmo período.
A migração reversa representa uma ruptura histórica: até o Censo de 2010, São Paulo era o principal destino da migração brasileira. Hoje, em média, 49 pessoas por dia deixaram São Paulo e 91 deixaram o Rio de Janeiro entre 2017 e 2022.
Na contramão, os estados que mais ganharam moradores foram:
Santa Catarina: +354.350
Goiás: +186.827
Minas Gerais: +106.499
Mato Grosso: +103.938
Paraná: +85.045
O levantamento também mostra que a maioria dos fluxos migratórios envolve jovens de 25 a 34 anos, indicando um movimento em busca de melhores condições de vida e trabalho.