SC vai à ONU levar boas práticas de desenvolvimento sustentável. Por Carina Giunco

Carina Giunco escreve artigo sobre a trajetória do Selo Social, organização catarinense que vai estar na delegação brasileira na Conferência da ONU, em Nova York, neste mês. O Brasil irá apresentar o ODS-18, voltado à promoção da igualdade étnico-racial.

Sou enfermeira de formação e fiz doutorado em genética humana numa época em que pouco se falava sobre o assunto fora do ambiente acadêmico. Há pouco mais de uma década larguei a carreira acadêmica, em São Paulo, e me mudei para Santa Catarina. Vim para perto do mar. A mudança de vida e de ares chocou menos as pessoas ao meu redor do que o anúncio de que eu iria atuar no terceiro setor, numa Organização da Sociedade Civil – OSC que estava começando a atuar em algumas cidades do Brasil e estruturava um programa chamado Selo Social.

10 anos depois, o Instituto Selo Social é a única organização de Santa Catarina que compõe a delegação brasileira que vai participar do Fórum de Político Alto Nível da Organizações das Nações Unidas – ONU, neste mês, em Nova York. Eu sempre sonhei que íamos longe, mas nenhum laboratório de análise me preparou para os desafios dos últimos anos.

O Selo Social é uma tecnologia catarinense que nasceu antes da chamada Agenda 2030 e, desde então, desenvolve um programa de corresponsabilização entre órgãos públicos, empresas e entidades do terceiro setor, que reconhece e certifica ações de impacto social nas cidades em que atua. Desde 2015, nosso trabalho tem como norte os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), compostos por 17 objetivos globais propostos pela ONU para um mundo melhor até 2030.

Em 10 anos de atuação, o Selo já reconheceu, gratuitamente, 1800 organizações e 5000 projetos sociais nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. Por este trabalho, fomos a única organização catarinense selecionada para compor a Comissão Nacional Para os ODS – CNODS, um colegiado do Governo Federal que busca promover essa Agenda em todo o território nacional.

Agora Santa Catarina embarca para Nova York representando o terceiro setor. Neste ano, o Brasil irá apresentar o Relatório Nacional Voluntário (RNV), que é um diagnóstico sobre a evolução dos ODS em nosso país. O RNV também informará as políticas públicas do governo para o avanço dessa Agenda. E o instituto representa SC e outras partes do país como uma boa prática de territorialização dos ODS descrita neste relatório que está prestes a ser disponibilizado para o mundo.

Além disso, o Brasil assumiu voluntariamente a criação do seu 18° ODS voltado para a promoção da igualdade étnico-racial, que busca assegurar que todas as pessoas tenham acesso igualitário a oportunidades, recursos e direitos fundamentais. Nas suas metas estão: eliminar a discriminação étnico-racial no Trabalho; eliminar as formas de violência contra povos indígenas e afrodescendentes; garantir acesso ao Sistema de Justiça; garantir Representatividade e Reparação; promover memória, verdade e justiça; assegurar habitação adequada e sustentável; assegurar acesso à atenção à saúde de qualidade; assegurar educação de qualidade e garantir diálogo e participação social.

Eu escolhi atuar na área da saúde para cuidar de pessoas, o trabalho no setor socioambiental me fez ter contato com quem quer construir um mundo mais justo e inclusivo para todas elas.


Carina Giunco é diretora executiva do Instituto Selo Social.

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