Matheus Madeira escreve artigo crítico ao governador Jorginho Mello (PL), dizendo que sua abordagem política é baseada em “bravatas nas redes sociais”. Lembra a entrevista que o ex-governador Carlos Moisés disse não ser um “mini-bolsonaro” e aponta que Jorginho teria assumido essa alcunha.
“Não sou um mini-Bolsonaro”, garantiu Carlos Moisés em entrevista ainda antes de ser eleito governador de Santa Catarina, lá no longínquo 2018. Há duas conclusões notáveis. A primeira é que ele estava certo. Entre erros e acertos, Moisés mostrou postura humanista diante da pandemia – o que já é uma diferença e tanto. A segunda: quatro anos depois, o eleitor catarinense mostrou que queria mesmo o tal mini-Bolsonaro.
Aparentemente encontrou. Jorginho Mello foi o escolhido para governar o Estado com um currículo de mandatos parlamentares em sequência – se não tão medíocres quanto os do ex-presidente, distantes do que poderia caracterizar um líder. Seu desempenho como governador confirma que o nome no diminutivo pode ser um indicativo de sua estatura política.
Jorginho também parece cultivar a crença de que pode governar através de bravatas nas redes sociais. Para problemas reais como a superlotação de hospitais, a greve dos professores e a crise humanitária no Rio Grande do Sul, resolveu agir mobilizando sua torcida organizada com palavras de ordem e ameaças ao vento. Mobilizar plateias é importante na política, mas ainda não substitui a capacidade de governar e liderar consensos possíveis.
Ávido na cooptação de prefeitos e atrapalhado na tomada de decisões administrativas, Jorginho Mello parece mesmo ostentar o título que Moisés, com contrastante grandeza, recusou. Uma realidade com a qual o povo catarinense vai precisar aprender a lidar, ao menos por um mandato.
Matheus Madeira é jornalista e presidente do PT de Tubarão.