A semana começa com o governo federal tentando equilibrar o prato entre subsídio e sustentabilidade. Enquanto a Conab anuncia a compra de 137 mil toneladas de arroz para segurar o preço interno, o Brasil abre a COP30, em Belém, prometendo ao mundo um agro verde e resiliente.
Entre uma pauta e outra, o campo assiste à contradição típica de Brasília: quem financia o arroz também quer taxar o vinho, e quem fala de carbono na COP, ainda patina no crédito rural. Santa Catarina mostra que sabe produzir com ciência e vender com silêncio – o arroz fala por si, o vinho espera quem o defenda.
E assim o país chega à COP entre o verde da bioeconomia e o vermelho do déficit público.

Arroz nacional com preço mínimo e discurso máximo
A Conab anunciou a compra de 137 mil toneladas de arroz por meio das Aquisições do Governo Federal (AGF), com investimento de R$ 200 milhões. O limite é de 189 toneladas por produtor.
A operação foi comemorada por cooperativas e criticada por parte do setor privado, que vê o movimento como sinal de intervenção tardia.
“O governo chega com o caminhão depois da colheita”, ironizou um dirigente da Farsul.
O anúncio ocorre em meio à alta nos custos logísticos e à preocupação com as importações do Mercosul, que seguem pressionando os preços internos.
Arroz catarinense na vitrine da bioeconomia
Enquanto Brasília subsidia o grão, Santa Catarina colhe reconhecimento global. A variedade SCSBRS126 Dueto, desenvolvida pela Epagri em parceria com a Embrapa em Itajaí, foi finalista do GBA Award 2025, promovido pela ONU e pela Global Bioeconomy Alliance.
Com produtividade acima de 10 t/ha e adaptação a áreas de baixo impacto ambiental, o “Dueto” virou símbolo de agricultura tropical sustentável.
“O arroz é mais do que alimento – é ciência aplicada ao clima”, destacou a Epagri em nota.
Na prática, o Estado reafirma seu papel de referência mundial em pesquisa agroambiental, com ênfase no Vale do Itajaí e nas regiões de várzea do Sul, onde o manejo de água e carbono já integra políticas locais.
O Brasil chega à COP30 e o campo pede voz
A COP30 começa hoje (10) em Belém (PA) com o agro sob holofotes. A CNA, a OCB e a Embrapa defendem que o Brasil seja reconhecido como potência da agricultura tropical sustentável, mas também cobram mecanismos de compensação para quem preserva e produz.
Na abertura do evento, o presidente da CNA, João Martins, afirmou:
“O mundo cobra metas, mas não abre o mercado para o agro que conserva.”
Enquanto isso, a Embrapa AgriZone estreia com 400 atividades e 45 tecnologias de baixo carbono, incluindo o programa de rastreabilidade de grãos e carne.
Santa Catarina na COP — “Quem produz, também preserva”
O Estado chega à COP com discurso alinhado e cases concretos: Copercampos, Sicoob São Miguel, Unicred União e Cresol Evolução apresentam projetos de sustentabilidade reconhecidos pela OCB.
O documento “SC na COP30 — Quem produz, também preserva”, coordenado pela Frente Parlamentar da COP30 e liderado por Mauro de Nadal (MDB), defende três pilares: compensação a quem preserva, incentivos fiscais à energia limpa e repasse de recursos aos municípios verdes.
O imposto do pecado e o silêncio de SC
Uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, sobre o imposto seletivo no vinho, reuniu lideranças e parlamentares do Rio Grande do Sul, mas nenhum deputado catarinense marcou presença.
A cena – que expôs o vazio político de Santa Catarina na defesa do setor vitivinícola – foi destaque na coluna Bea Cave, da jornalista Beatriz Cavenaghi, publicada também aqui no Upiara.net.
Enquanto o RS fez discurso e defendeu sua taça, SC preferiu o silêncio, mesmo sendo o segundo maior produtor de vinhos finos do país.
A íntegra da análise está na coluna Bea Cave (clique aqui), é leitura obrigatória para quem ainda acha que o vinho não é assunto de política.
Ferrovia do Sul volta à pauta
Chapecó vai sediar o Simpósio de Integração Logística do Sul, com foco na nova Ferroeste e na conexão com portos catarinenses.
Lideranças empresariais, gestores públicos e especialistas em infraestrutura estarão reunidos no dia 14 de novembro, para discutir os desafios e as oportunidades da logística na Região Sul. O evento será realizado das 8h30 às 13h30, no Salão Nobre da Unochapecó.
O 2º Simpósio de Integração Logística do Sul é promovido pelo Movimento Pró-Ferrovias e tem como objetivo principal debater soluções para tornar o escoamento de cargas mais eficiente, integrado e sustentável.
A iniciativa conta com o apoio de diversas entidades representativas, como a Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Facisc, ABPA, CEC, Faesc, Fiesc e Sistema Ocesc. O evento acontece em paralelo e com o apoio da Fetranslog.





