Tabela entre Siewert e Marcos Vieira blinda novo Refis de emendas e garante aprovação na Alesc

Segundo programa de recuperação de dívidas fiscais no governo Jorginho Mello (PL), o “Recupera Mais 2” foi aprovado sem maiores dificuldades na Assembleia Legislativa no esforço concentrado que limpou a pauta do parlamento estadual nesta quarta-feira. O trabalho conjunto do secretário estadual da Fazenda, Cleverson Siewert, e do deputado estadual Marcos Vieira (PSDB), presidência da Comissão de Finanças e Tributação, garantiu a aprovação da proposta sem emendas.

A programa do governo prevê descontos de até 95% em juros e multas para regularização de débitos de ICMS, ITCMD e IPVA. A manutenção da integridade do projeto foi garantida pelo relatório do deputado Marcos Vieira (PSDB). O parlamentar votou pela aprovação da matéria na forma enviada pelo Centro Administrativo, rejeitando emendas que buscavam ampliar o escopo do benefício para setores específicos da economia.

Marcos Vieira segurou as emendas ao novo Refis na Comissão de Finanças
Marcos Vieira segurou as emendas ao novo Refis na Comissão de Finanças. Foto: Jeferson Baldo, Agência AL.

Blindagem contra emendas

Durante a tramitação, duas tentativas de alteração foram apresentadas, visando atender aos segmentos de comércio de veículos usados e da indústria de pescados. Ambas foram descartadas sob o argumento de que violariam o convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que autorizou o Estado a conceder a anistia.

A emenda proposta pelo deputado Antídio Lunelli (MDB) tentava permitir que saldos de débitos do setor de pescados, já enquadrados no programa anterior, pudessem ser renegociados novamente. Marcos Vieira rejeitou a medida alertando para um “efeito cascata”: ao permitir o reparcelamento de um saldo já reduzido, o desconto final ultrapassaria os limites autorizados pelo Confaz, gerando insegurança jurídica e violando a proibição de cumulatividade prevista no projeto.

Já a emenda de autoria do deputado Jessé Lopes (PL) buscava beneficiar o comércio de veículos usados. A intenção era garantir que a falta de emissão de documentos fiscais não impedisse o acesso à redução da base de cálculo do tributo, permitindo a regularização de débitos sem a perda de benefícios fiscais do setor. O relator barrou a iniciativa argumentando que a medida criaria uma nova modalidade de benefício de ICMS não prevista no convênio nacional, o que exigiria uma autorização específica do Confaz para ser validada.

A expectativa do “Recupera Mais 2” é recuperar cerca de R$ 1,8 bilhão em créditos tributários, com renúncia fiscal estimada em R$ 711 milhões, resultando em um saldo positivo líquido para os cofres públicos superior a R$ 1,1 bilhão.

Siewert diz que novo Refis é reação à reforma tributária

Cleverson Siewert vinculou novo Refis ao enfrentamento à reforma tributária. Foto: Rodolfo Espíndola, Agência AL.

Na Alesc no final da manhã, onde acompanhou as discussões, o secretário da Fazenda, Cléverson Siewert comemorou o encaminhamento dado pela proposta na Comissão de Finanças e a cooperação do parlamento na blindagem de emendas. Segundo ele, a aprovação do novo Refis é uma ferramenta estratégica para garantir o futuro da arrecadação de Santa Catarina.

Em entrevista exclusiva no saguão do Parlamento, Siewert explicou que o programa não visa apenas o caixa imediato, mas o posicionamento do Estado no futuro índice de retorno do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), criado pela Reforma Tributária.

Segundo as regras de transição da reforma, a participação de cada estado no bolo tributário nacional pelos próximos 50 anos será definida pela média de arrecadação entre 2024 e 2028. O secretário apresentou aos deputados um cálculo que justifica a medida:

– A cada 1 bilhão de reais a mais em receita [agora], a gente deve ganhar cerca de 12 bilhões nos próximos 50 anos – afirmou Siewert.

O titular da Fazenda destacou que, diante da necessidade de elevar a média de arrecadação para não perder receitas futuras, o governo Jorginho Mello optou pelo Refis em vez de elevar a carga tributária, caminho seguido por outros entes da federação.

– Muitos Estados acabaram aumentando a alíquota de imposto, o que não foi o que Santa Catarina fez –, pontuou.

COMPARTILHE
Facebook
Twitter
LinkedIn
Reddit