“O Brasil é um país soberano” diz a FIESC
O anúncio do tarifaço de 50 por cento sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, a ser aplicado a partir de 1 de agosto, vai prejudicar “severamente” os embarques para lá”, diz nota da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina.
No ano passado, as exportações catarinenses para clientes norte americanos somaram 1, 7 bilhão de dólares. Especialmente, carnes, aves, suínos, motores elétricos, soja e móveis. Nos primeiros seis meses de 2025, as exportações de SC para os EUA totalizaram 847 milhões de dólares.
Este é o aspecto econômico da questão. O que mais chama a atenção na nota emitida pela FIESC, é a clareza em defesa do Brasil. “O Brasil é um país soberano e suas decisões, certas ou erradas, devem ser respeitadas”. Para completar: “a indústria está em alerta”.
Máxima cautela
Já a Associação Empresarial de Joinville preferiu máxima cautela. Também em nota, optou por afirmar que “está acompanhando com atenção a notícia sobre possível tarifaço de produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos” e analisa: “é prematuro fazer avaliações definitivas” porque “ainda devem ocorrer tratativas diplomáticas”.
Trump joga o jogo de Bolsonaro
A decisão do presidente Donald Trump em taxar em 50 por cento as exportações brasileiras atende Jair Bolsonaro e seu grupo político. O interesse é colocar mais lenha na já alta fogueira da polarização ideológica vivenciada no Brasil desde 2018.
A extrema direita tenta conflagrar ainda mais o ambiente já muito radicalizado. E usar Trump para isso foi o caminho escolhido. O que importa, aqui, é o que poderá advir desse enfrentamento da ala radical do PL com o Executivo e com o Judiciário brasileiro.
A taxação aos produtos brasileiros, evidentemente inspirada pelos Bolsonaro, não tem apenas reflexos nos negócios. O PIB deverá ser impactado, mas o olhar precisa se direcionar para o campo da política.Jair Bolsonaro antecipou a corrida eleitoral de 2026. E obriga o governo a ser mais contundente de agora em diante.
Também chegou a hora do Congresso se posicionar claramente. Dominado pela direita super conservadora, além do PL, quem terá a desfaçatez de dizer que Lula é o responsável pela taxação trumpista?
O que os deputados e senadores catarinenses têm a dizer neste momento? Mas, Bolsonaro pode ter errado a mão. Porque Lula e seus apoiadores passam a ter um argumento novo para demonstrar o descompromisso de Bolsonaro com o povo e com o país.
E Lula poderá, eventualmente, conquistar parte do eleitorado mais nacionalista, que nos últimos oito anos foi cooptado pela direita e extrema direita. Mais: poderá haver o acertamento entre “nós e eles”. E isso não é nada bom.
Curiosamente, a taxação norte-americana aos itens exportados pelo Brasil, atinge, em cheio, grande parte do empresariado mais fiel a Bolsonaro: o agronegócio é o melhor exemplo. Claro que este pessoal não vai mudar de lado. Mas precisará ficar mais atento aos próximos passos de cada um.