Topazio Neto (PSD) demonstrou desenvoltura na Passarela Nego Quirido. O prefeito de Florianópolis aguentou os desfiles do começo ao fim, fato atestado pelo vídeo gravado ao amanhecer em que exalta a limpeza das vias do centro da cidade, com bastante destaque aos profissionais da Comcap, após o principal dia do Carnaval florianopolitano.

Mas a desenvoltura demonstrada por Topázio na passarela em que desfilam as escolas de samba da Grande Florianópolis foi mais política do que carnavalesca. No camarote da prefeitura – e eu estava lá para atestar – foi possível esboçar a coligação política que o prefeito e seu círculo mais próximo de articuladores pretende agrupar para conquistar a reeleição nas eleições de outubro.

É uma aliança que vai do geanismo ao bolsonarismo. Do primeiro grupos, havia boa parte do time da prefeitura que Topázio herdou de Gean Loureiro – o titular eleito em 2020 que renunciou em 2022 para uma aventura estadual mal-sucedida – foi quarto colocado na disputa pelo governo do Estado.

Gean estava lá com a ex-primeira-dama Cíntia Loureiro e foi fotografado muitas vezes com o colega de chapa da eleição passada. Dia 19, Gean promove um encontro para selar o apoio do União Brasil à reeleição do atual prefeito, em que também estão convidados os dois partidos que já anunciaram que estarão na coligação – MDB e Republicanos – e também o PL do governador Jorginho Mello.

O governador não estava no camarote. Preferiu prestigiar o carnaval de Joaçaba, sua base política. Mas o PL estava. Entre os 35 convites para o camarote ofertados ao governo do Estado, estava o nada ignorável Jair Renan Bolsonaro, o filho zero quatro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cada vez mais à vontade como o correspondente catarinense da família. Estava também a vereadora Maryanne Mattos (PL), opção para a vaga de vice caso vire realidade a composição PSD/PL na Capital do Estado.

Se der certo, essa aliança deve ser creditada a Topázio e seu entorno – que defendem a tese de tirar o 22 da urna com a coligação. Na cúpula estadual do partido, a ideia é polarizar onde for possível com o provável adversário de 2026.

Jorginho tem dito que quer estar com Topázio, mas que não descarta candidatura própria – Bruno Souza, o ex-Novo, é uma opção no tabuleiro. No samba das escolas da Grande Florianópolis, no entanto, o que se viu é a rivalidade estadual em construção entre pessedistas e jorginhistas viver na Capital uma ilha de harmonia, evolução, fantasia, enredo e comissão de frente.

Foto: O jornalista Marcelo Lula registrou o encontro de Topázio e Gean (e um intromedito Upiara carnavalesco atrás).