Apesar de admitir que a mobilidade ainda será problema na temporada 2023/2024, o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, acredita que obras municipais – como os binários do Pantanal e da Lagoa – vão ajudar a melhorar o fluxo de trânsito nos dias de verão. Nesta entrevista à coluna, ele também fala sobre as principais obras que devem ser entregues em 2024, sobre o Floripa On – projeto que busca uma “cidade sem papel” – e dá um spoiler sobre o perfil ideal do vice na sua campanha à reeleição. Também rebateu as críticas da oposição pelos vídeos publicados nas redes sociais, que lhe renderam o título de “prefeito tiktoker”.
Qual a expectativa da Prefeitura de Florianópolis sobre temporada de verão, que acende um alerta sobre mobilidade?
No lançamento da Estação Verão, o governo do Estado informou que espera 1,5 milhão de veículos no temporada. Se vier 10% para Florianópolis, serão pelo menos 150 mil carros. O que temos esse ano que não tínhamos ano passado? O binário do Pantanal, que agilizou muito o fluxo naquela região, o binário da Lagoa, o novo sistema viário da Tapera e melhorias pontuais que fizemos na cidade. Até março vamos ter toda a troca do sistema semafórico: equipamentos inteligentes, programáveis e monitoráveis. Especialistas dizem que semáforos inteligentes melhoram de 15% a 20% a mobilidade. Teremos ainda a Onda Azul: a Guarda Municipal posicionada nos horários de maior movimento em 12 ou 13 pontos estratégicos onde o trânsito costuma parar. A mobilidade vai ser ainda um problema, mas criamos estruturas novas para melhorar o fluxo nessa temporada.
Quais serão os destaques para 2024 em termos de obras municipais?
Pretendemos liberar a pista de rodagem da ponte da lagoa da conceição até novembro, antes da temporada 2024/2025. Queremos que os carros estejam passando pela ponte nova, mesmo antes de totalmente concluída. Vamos terminar em março o engordamento da praia de Jurerê. Nosso prazo final é 30 de abril, por conta da safra da tainha, que inicia em maio. E queremos inaugurar o Hospital Dia na primeira semana de março.
Prefeito, vamos abrir um parênteses sobre o hospital que está sendo construído no antigo aeroporto, no bairro Carianos: como a prefeitura está respondendo às denúncias e investigações em torno do projeto?
Está tudo sob controle, tudo andando. Estivemos no TCE, prestamos todas as explicações, uma resposta com quase 500 páginas sobre tudo que foi perguntado e ficamos de entregar no início de 2024 o último ponto solicitado: a planilha do negócios. O tribunal quer saber, em suma, o seguinte: quanto que a construtora e o dono do imóvel estão ganhando, se a taxa interna de retorno é razoável, dentro dos parâmetros normais do mercado. Nós já sabemos que é. As outras questões já foram todas respondidas: o interesse da saúde, a quantidade de fila que a gente tem, o número de pessoas que morrem por não ter atendimento, a inovação que estamos fazendo com o multihospital – oferecimento de sete ou oito serviços no mesmo espaço.
Para o início de 2024, a prefeitura prepara mudanças nos sistemas. É a busca de uma cidade “sem papel”?
Sim. A ideia é a simplificação do processo pela eliminação da burocracia, para facilitar a vida do cidadão quando ele precisar dos serviços da prefeitura. Deixamos os processos mais claros. Tínhamos coisas do arco da velha. Nosso site novo entra no ar em 2 de janeiro, muito mais limpo, mais fácil. No celular vai ser mais responsivo. Queremos que em março ou abril mais de 90% dos nossos processos seja sem papel. É um movimento que a gente está chamando de Floripa On. A partir de janeiro, nossos processos serão todos digitais. O Whatsapp está entrando forte na prefeitura como um canal de comunicação. Vamos lançar já para o verão um Whatsapp para denúncias sobre ocorrências nas praias, sobre irregularidades, alvarás etc.
E mais: as pessoas reclamam muito da demora para aprovação de um projeto de construção. Méritos também do novo Plano Diretor, mas a a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação está promovendo uma desburocratização enorme. Antes, um edifício precisava de 70 a 80 plantas para ser aprovado pela prefeitura: vamos reduzir para 8 a 10. Imagina a facilidade que vai ser para os construtores e arquitetos para aprovar um projeto junto à prefeitura. Vamos eliminar uma série de leis, muito antigas, com um “pacotaço” na volta da Câmara.
Como o senhor recebe as críticas da oposição de que não sai do Tiktok e que precisa de dedicar mais à gestão no gabinete?
Tenho recebido com naturalidade, porque o que sobra para a oposição são essas coisas. O meu parâmetro é diferente. Quando sou parado nas ruas, por pessoas de todas as idades, normalmente me dizem duas coisas: “prefeito, eu conheço muito mais a cidade agora depois que comecei a acompanhar os vídeos”. A segunda coisa que me falam: “eu não gostava de política, agora começo a gostar, comparar as pessoas”. Isso me estimula a continuar a fazer os vídeos. A crítica ao “prefeito tiktoker “é porque resolvemos, na gestão, dar transparência ao que fazemos. A oposição está ficando chateada por que isso gerou repercussão. Sem falsa modéstia, mas a gente acabou reinventando a comunicação política. Se eu tivesse tempo, estaria viajando o país para falar sobre isso. Nosso nível de engajamento é muito alto na rede.
A prefeitura vai lançar em 2024 um concurso público para reforçar a Guarda Municipal?
Tenho a promessa de 25 vagas novas para 2024. Talvez consiga lançar até abril. A Guarda tem 180 homens e mulheres de efetivo. Na realidade, pela lei, deveria ter muito mais, mas as condições em termos de finanças e de lei de responsabilidade da folha não permitem muito mais do que a gente tem hoje. Mas reconheço que a Guarda faz um bom trabalho.
2024 é ano eleitoral e há muita especulação sobre o seu vice na candidatura à reeleição. Quais as características que ele deve ter?
Primeiro, acho que o vice é uma figura super importante numa chapa. Tem que ser alguém que me dê tranquilidade para, se precisar de férias, saber que a prefeitura terá o mesmo ritmo de trabalho. Alguém com capacidade de gestão e articulação suficiente para substituir o prefeito nos impedimentos. Tem que ser uma pessoa que tenha afinidade pessoal com o prefeito. E, terceiro ponto, o vice é aquele que ajuda a ganhar eleição. Dito isso, nosso vice vai ser definido em julho do ano que vem. Vou fazer o que o Gean fez em 2020,: uma pesquisa para saber o que a população considera ideal para o vice de Florianópolis.
Mas deve ser do PL?
De um dos partidos da base aliada. Obviamente, não vou ser hipócrita, a força do PL nessa coligação é muito grande. É o partido do governador, que está no governo do Estado, que ajuda a mobilizar. Será do PL tiver um candidato ou candidata com essas características e que ajude a ganhar a eleição.
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Prefeito de Florianópolis, Topázio Neto/Foto: Pedro Perez/Divulgação/PMF