Único deputado federal de oposição ao governo Jair Bolsonaro (PL) entre 2019 e 2022, Pedro Uczai passou quatro anos acostumado a ser o “um” do frequente placar “15 a 1” nas votações de interesse do antigo governo na Câmara dos Deputados. A vitória de Lula (PT) na eleição presidencial e a eleição da colega de partido Ana Paula Lima (PT) tirou o petista do isolamento.

Mas não só isso: os frequentes votos de emedebistas, pessedistas e de parlamentares de outras legendas em projetos de interesse do governo deixaram o jogo um pouco mais equilibrado.

Em breve entrevista, Pedro Uczai falou desse novo cenário, sobre a aprovação do projeto que criou uma bolsa para permanência de estudantes no Ensino Médio, o Pé de Meia, que relatou na Câmara dos Deputados, e garantiu: não vai ser candidato a prefeito de Chapecó mais uma vez.

• Durante toda a legislatura anterior, o senhor era o “um” dos “15 x 1” da bancada de Santa Catarina em relação aos projetos de interesse do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O único oposicionista. Agora está mais acompanhado. Não só pela presença da deputada federal Ana Paula Lima (PT), mas eventualmente também votos de deputados do MDB, do PSD e outros. Como mudou esse jogo?
• Melhorou muito. Melhorou o ambiente, com vários colegas. Em várias pautas a gente soma, dá dois, dá cinco, seis (votos). Vai aumentando a percepção de que Santa Catarina precisa participar e se envolver nessa relação com o governo federal, de uma forma republicana, democrática, respeitando o perfil de cada um dos colegas deputados. Acredito que vai diminuir cada vez mais essa resistência na medida que o governo vai fazendo ações concretas em Santa Catarina.
  

• O senhor focou muito na questão do “Pé de meia” que virou lei. Esse tema conseguiu fugir da polarização?
• Juntamos. E foi uma experiência muito positiva em que a gente conseguiu a ampla negociação, inclusive com os partidos de oposição. Construímos um texto que vai dar condições de investir R$ 21 bilhões em três anos para 2 milhões e meio de jovens brasileiros. Ali nós juntamos. Meus colegas de Santa Catarina, tanto do Senado quanto da Câmara, votaram favoravelmente. Outro projeto que eu propus como autor, o Renda Básica Energética, que vai colocar R$ 6 bilhões da tarifa social distribuídos por usina solar. A relatoria está sendo disputada por um deputado da Frente Parlamentar de Energia Limpa e uma deputada do PL, que tem um projeto como estratégico para o país.

• O PT aumentou o orçamento da infraestrutura, as obras federais no Estado estão andando. O senhor acha que isso é o suficiente para mudar a imagem do PT em Santa Catarina?
• Com certeza. E a infraestrutura vai ser uma das ações do governo que dialogam com o conjunto da sociedade catarinense, com a economia, com quem anda de carro, de ônibus, de caminhão nessas estradas. Modernizar as rodovias em Santa Catarina diminui a resistência de antipetistas e amplia a força do governo porque vai trazer resultado para a economia e o desenvolvimento de Santa Catarina.

• É candidato a prefeito de Chapecó?
• Não, eu vou contribuir para construir uma chapa de oposição como alternativa ao projeto que está lá, que Chapecó pode mais.

Foto – Pedro Uczai na tribuna da Câmara dos Deputados. Crédito: Zeca Ribeiro, Câmara dos Deputados.