Não foi apenas a gatinha Elizabeth, do Leonardo Campos, (leia aqui a matéria), que teve complicações após a castração no Rio Vermelho, em Florianópolis. O gato de Fernanda Almeida Maia, um siamês, de sete meses, morreu de parada cardiorrespiratória ao tomar o pré-anestésico. Ela logo foi informada pela equipe de castração que o seu gato não havia passado bem e, logo em seguida, a avisaram que ele não havia resistido. E, ontem, duas das três gatas de Kathleen Graciano, que também foram castradas no mutirão precisaram ser atendidas pela Dibea. Uma delas necessitou ser internada. Leila e Lola saíram bem da castração, mas começaram a ter episódios de enjoo e de agressividade. Segundo a tutora dos animais, elas exalavam um cheiro estranho. Leila, a gatinha que ficou muito estressada após a castração, está internada na clínica Rancho dos Bichos, nos Ingleses, assim como a Elizabeth. A internação dos animais está sendo custeada pela empresa Castramóvel Brasil Ltda., responsável pelo procedimento.

O mutirão de castração do Rio Vermelho teve como objetivo a redução do surto de esporotricose que afeta animais, principalmente gatos, mas também humanos. Embora os mutirões de gatos estivesse há mais de um ano e meio sem ocorrer, houve apelos de protetores por toda a cidade, que há muitos meses observavam o crescimento da enfermidade na região. A castração dos animais é uma das ações de enfrentamento desta zoonose. Desta forma, o mutirão do bairro era para 300 animais, e 273 foram castrados. Outros três animais, segundo o gerente da Dibea, Rafael Case de Leon, levados para castrar, foram rejeitados por apresentarem algum indício de problema de saúde, um deles, exatamente, por apresentar sinais de esporotricose. A empresa Castramóvel Brasil Ltda., do Paraná, foi a terceira colocada no pregão realizado há cerca de um ano. A primeira colocada foi a Castrabus, da veterinária Kátia Chubaci, que apresentou o melhor preço, mas a informação é que houve problema na vistoria técnica. O estranho deste resultado é que justamente a empresa é responsável pelas castrações de cães, que atualmente é separado do mutirão de felinos e que a vistoria é feita nos mesmos equipamentos. A segunda colocada no pregão não pôde realizar o mutirão, então as esterilizações de gatos ficaram para a terceira colocada, a Castramóvel Brasil.

Fernanda entregou Rabito para castração `por volta de dez horas da manhã. Ele estava com o jejum requerido, de oito horas. Pouco depois das 11 horas uma das funcionárias veio informar que ele havia tido uma parada cardiorrespiratáoria após ter tomado o pré-anestésico e estava no oxigênio. Ela pediu para vê-lo, o que não foi permitido. Extremamente agoniada, ela conta que em cerca 15 minutos, uma das moças que a atendia afirmou que o gatinho havia morrido após a segunda parada.
A gatinha Elizabeth, que também teve uma parada cardiorrespiratória, mas sobreviveu, está internada desde o dia 28 na clínica Rancho dos Bichos, em estado semicomatoso. Os veterinários da clínica solicitaram a avaliação de um neurologista, que conforme informou o seu tutor, indicou um tratamento que tem sido seguido. Conforme o veterinário, embora o quadro seja grave, os pacientes tendem a sair do coma em até três semanas. Quanto antes Elizabeth retornar, menos sequelas apresentará. A gatinha mostra alguns reflexos, se move e reage às visitas de seu tutor, agora é aguardar a sua resposta e que seja muito breve.
A empresa responsável pelas castrações foi procurada para falar sobre os problemas ocorridos com os quatro animais e se pronunciou na manhã desta quarta-feira (06). A nota, na íntegra, encontra-se abaixo Para os tutores, eles alegaram que os animais tinham problemas pré-existentes, mas o único animal que morreu tinha apenas sete meses e a Elizabeth, conforme os exames, inclusive de FIV e FELV, não mostraram qualquer tipo de enfermidade. Ainda não há resultados de exames das duas gatas da Kathleen. Mas é absolutamente necessário que os tutores, ao levarem os seus animais para castração, não corram riscos de perdê-los, ou de causar qualquer mal ao animal. Três gatos adoecidos e um morto é um número bastante alto e pode fazer os tutores temerem a castração.
O que é preciso fazer para que não percamos mais animais em castrações? Usar um protocolo de medicamentos e anestésicos absolutamente seguro parece ser uma resposta fácil, mas necessária. Se exames antes do procedimento são essenciais, então que sejam feitos, embora saiba que estamos falando de castrações pagas pela Prefeitura. Mas, caso seja necessário todo este cuidado, que todas as providências sejam tomadas, pois não é possível que para resolver uma situação, seja ocasionado tanto sofrimento. Os animais, assim como seus tutores não merecem. Todos foram em busca de saúde e de segurança para seus animais na tentativa ainda de evitar mais animais pelas ruas, coisa que todos buscamos.
No início da tarde desta quarta-feira, a Dibea de Florianópolis, enviou uma nota: “A Diretoria de Bem-Estar Animal de Florianópolis apura o caso de falecimento de um gato e complicações pós-cirúrgicas em outros dois animais em um Mutirão de Castração de Gatos. No dia, 300 vagas foram disponibilizadas por uma empresa terceirizada que realiza os procedimentos de forma gratuita para cidadãos de Florianópolis. A Dibea está realizando um laudo técnico por meio das veterinárias do município. O objetivo é apurar se houve erro técnico da instituição terceirizada ou se as complicações foram causadas pelo estado de saúde prévio dos animais. As castrações gratuitas são ferramentas necessárias para reduzir números de abandono e melhorar a prevenção de doenças. Além dos mutirões, a equipe da Diretoria de Bem-Estar Animal oferece castrações na instituição, tudo de forma gratuita, pelo link bit.lt/castraçoespmf. Vale destacar ainda que, recentemente, a licitação do primeiro Hospital Veterinário público de Florianópolis foi lançada pela administração municipal para ampliar atendimentos gratuitos para garantia de bem-estar animal e saúde pública.”
Nota de Esclarecimento Castramóvel Brasil LTDA
A Castramóvel Brasil LTDA vem, por meio desta, esclarecer os fatos relacionados aos
procedimentos realizados no mutirão de castração do dia 28 de julho, no bairro Rio Vermelho,
em Florianópolis/SC.
Caso Elisabeth:
Informamos que, conforme o procedimento padrão, foi realizada a administração da
medicação pré-anestésica (MPA) na paciente Elisabeth. Logo após a aplicação, a felina
apresentou uma parada cardiorrespiratória. Ressaltamos que toda a equipe agiu
prontamente, conseguindo estabilizá-la no local e encaminhando-a imediatamente para
nossa clínica parceira, onde permanece internada sob cuidados médicos contínuos e
recebendo toda a assistência necessária.
Esclarecemos que a Elisabeth não foi submetida à cirurgia de castração, pois o quadro
clínico se manifestou antes do início do procedimento cirúrgico, especificamente após a
administração da medicação pré-anestésica.
Por fim, reforçamos que todo procedimento médico, especialmente aqueles que
envolvem o uso de anestesia, possui riscos inerentes, mesmo em animais saudáveis e sem
alterações clínicas aparentes. Nossa equipe atua rigorosamente dentro dos protocolos
recomendados, mas algumas reações, infelizmente, não são previsíveis. Ressaltamos que
Elisabeth continua sob cuidados médicos, acompanhamento contínuo e recebendo toda a
assistência necessária.
Caso Rabito
O óbito registrado refere-se ao animal Rabito, felino macho de 7 meses, que apresentou
depressão respiratória logo após a administração da MPA (medicação pré-anestésica).
Imediatamente, foram realizados procedimentos de entubação e suporte com
oxigenoterapia, além da administração de medicamentos reversores da sedação. Apesar das
medidas adotadas, o animal evoluiu para parada cardiorrespiratória (PCR). Foram iniciadas
manobras de reanimação, com uso de adrenalina e atropina, obtendo-se o retorno dos
batimentos cardíacos. Contudo, os movimentos respiratórios não foram restabelecidos, sendo
necessária ventilação mecânica e suporte venoso. Após alguns minutos estável, o animal
evoluiu para nova PCR, sem resposta às manobras subsequentes, vindo a óbito.
Mais uma vez reforçamos que procedimentos que envolvem anestesia e medicamentos
apresentam riscos intrínsecos, mesmo em animais sem alterações clínicas aparentes, devido
às particularidades fisiológicas e reações individuais de cada paciente.
Aproveitamos para informar que, ao todo, 273 animais foram atendidos neste mutirão.
Foram relatados dois casos de náuseas em felinos, que já estão sendo devidamente
acompanhados e tratados.
Reiteramos que todos os protocolos anestésicos e emergenciais foram aplicados
conforme as boas práticas da medicina veterinária, e que toda a equipe se empenha em
assegurar o bem-estar dos animais atendidos, com responsabilidade técnica e transparência.
Lamentamos profundamente os fatos ocorridos e permanecemos à disposição para
esclarecimentos adicionais.
Atenciosamente,
CASTRAMÓVEL BRASIL LTDA
MARIANA PATITUCCI BACELLAR
Sócia-Administradora
* A foto de destaque desta matéria, foi após a castração de duas de minhas gatas, há sete anos atrás. Não tenho certeza se é a Linda, ou a Bela, pois ambas são escaminhas, mãe e filha e foram castradas juntas. As duas continuam com a saúde excelente.
* A foto do lindo siamês Rabito, que morreu de parada cardiorrespiratória após a aplicação do pré-anestésico