Artigo de Léo Mauro Xavier Filho, empresário do transporte de passageiros
A mobilidade urbana na Grande Florianópolis enfrenta um desafio estrutural: a ausência de uma gestão integrada e coordenada do transporte público de passageiros. Hoje, cada município planeja suas linhas de forma isolada, sem articulação regional. O resultado é um sistema mal planejado, ineficiente, sem integração, com sobreposição de linhas, com baixa qualidade na prestação do serviço, apesar de todos os esforços feitos pelos operadores para oferecerem o melhor serviço público possível, enfrentando todo tipo de dificuldade operacional e estrutural.

Enquanto a população sofre com um alto custo de operação, com consequentes tarifas altas, aliado também às inúmeras gratuidades existentes, tendo o usuário pagante como a única fonte de financiamento do sistema, assim como longos tempos de deslocamento, dada a falta de mobilidade, o transporte coletivo perde usuários para o transporte individual, agravando os congestionamentos e os impactos ambientais.
É urgente a criação de uma Autoridade Metropolitana de Transporte Público, com capacidade técnica, autonomia administrativa e legitimidade política, capaz de planejar e gerir o sistema de forma integrada em toda a região. Essa autoridade poderá integrar e racionalizar as linhas, criar um cartão único metropolitano, buscar formas de subsidiar a tarifa dos passageiros pagantes, tornando-a mais módica, bem como gerenciar o sistema com base em indicadores de qualidade, promovendo sua inovação e sustentabilidade, além de praticar justiça social.
A proposta encontra respaldo no Estatuto da Metrópole, que estimula a governança Interfederativa nas regiões metropolitanas. Outros estados da federação já avançaram nesse modelo, com ganhos significativos para os usuários e para a eficiência do sistema. A criação dessa autoridade exige um pacto entre os municípios, o Governo do Estado e a sociedade civil. Mas o custo da inércia é alto, mantendo um transporte caro, mal planejado e ineficaz, com a ausência de uma política pública capaz de tornar o sistema eficiente, penalizando assim a população e comprometendo sua operação e o próprio desenvolvimento regional.
Os municípios que compõem a região da Grande Florianópolis e o Governo do Estado precisam dar esse passo. Uma gestão metropolitana do transporte público de passageiros é essencial para garantir um serviço mais digno, eficiente e justo. Portanto, estabelecer uma política pública que materialize a criação de uma autoridade metropolitana para o transporte público, é necessária, é possível, é urgente!