UP defende passe livre estudantil para a elevação da qualidade de vida da juventude. Por Amanda Wenceslau

Amanda Wenceslau escreve artigo em que discute os problemas do transporte público em Florianópolis, como o alto custo da passagem e a falta de acessibilidade para estudantes e desempregados, defendendo a implementação do passe livre.

A passagem de ônibus de Florianópolis é uma das mais caras do Brasil. Com a passagem custando R$6, o que vemos hoje é um serviço de transporte público que não entrega o que deveria. Isso porque as linhas são escassas aos finais de semana e feriados, demora-se horas para chegar em regiões mais afastadas, e muitos dos automóveis possuem condições precárias. Além disso, a falta de um bom transporte nega o direito à cidade para as pessoas, que precisam contar as moedas no final do mês para saber se podem ou não ir para uma atividade de lazer.

A juventude é uma das parcelas da sociedade mais afetada pelo problema, pois depende do serviço para estudar e se divertir. Considerando que estudantes pagam meia passagem, ainda sim o valor gasto no final do mês somente em transporte público é de cerca de R$200. Para jovens inscritos no CadÚnico, a isenção no pagamento da passagem de ônibus é limitada a 4 passagens diárias e não funciona aos finais de semana, o que reduz o uso do cartão somente para ir e voltar da escola ou universidade se a pessoa mora em regiões afastadas.

Além disso, grande parte da população depende dos ônibus para acessar o lazer da cidade, como as praias, parques, museus, entre outros eventos culturais. Mas como uma pessoa que não pode arcar com os custos da passagem irá frequentar esses lugares? Considerando uma pessoa que more longe da praia e more na região continental, é possível que ela precise gastar até R$20 reais somente para ir e voltar ao seu destino.

Assim, a necessidade de arcar com esses gastos conflitua com Constituição Federal, que garante a educação gratuita e o direito a lazer para todos os cidadãos. Isso porque a necessidade de acessar os espaços da cidade é dificultado para o povo pobre de Florianópolis. Um jovem que tem por direito a educação gratuita, precisa pagar a passagem de ônibus para estudar. Uma pessoa desempregada precisa fazer malabarismos com suas finanças para pagar o preço da passagem de ônibus para buscar emprego. Nós, enquanto jovens pobres, repensamos todo convite que exija a condução até um local mais afastado da cidade, pois o tempo de espera e o valor gasto em passagens são incompatíveis com a nossa realidade

E o pior: tem quem lucre em cima das adversidades sofridas com o transporte público da cidade. O Consórcio Fênix recebe de injeção de recursos não somente o preço pago na passagem, mas também do incentivo financeiro vindo da Prefeitura Municipal. No entanto, há uma falta de transparência em relação a essas informações. Dessa maneira, não sabemos sequer para onde vai o valor gasto na passagem de ônibus, muito menos a destinação dos lucros da empresa.

A discussão pelo passe livre parte da necessidade dos estudantes e desempregados em exercer seu direito de ir e vir na cidade. Florianópolis foi a primeira capital do Brasil a ter o passe livre garantido para estudantes, mas em menos de um ano foi declarado o fim desse projeto de lei. A partir disso, torna-se ainda mais urgente eleger vereadores que tenham um programa voltado para as reais necessidades do nosso povo, e que tenham um compromisso com o mesmo na hora de votar nas propostas da câmara.

Usando cidades como Rio de Janeiro de exemplo, vemos que o passe livre estudantil é uma realidade possível e necessária. Todos nós pagamos impostos para ter os serviços básicos garantidos em Florianópolis, e portanto merecemos ter nossas necessidades atendidas. Queremos poder acessar a cidade, a cultura e estudar com qualidade e dignidade. Passe livre já!


Amanda Wenceslau é candidata a vereadora pela Unidade Popular pelo Socialismo em Florianópolis.

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