Vitória temperada: do alho à geopolítica!

Alho blindado, produtor protegido

Vitória para o setor do alho! Na terça-feira, 23 de setembro, a Defesa Comercial Brasileira renovou o direito antidumping para o alho importado da China e fixou o compromisso de preço em US$ 16,90 a caixa (10 kg).

É mais que um número: é a garantia de sobrevivência da cadeia produtiva nacional, a preservação da tecnologia local e a autonomia do país no abastecimento desse tempero indispensável.

Peregrinação vitoriosa

Na coluna do dia 19, alertamos aqui sobre o problema, já que no dia 3 de outubro, venceria a medida antidumping. Essa vitória é do produtor brasileiro, mas também do presidente da ANAPA (Associação Nacional dos Produtores de Alho), Rafael Corsino, que peregrinou em Brasília, alertando para o perigo e exigindo uma competição justa. Deu certo!

SC temperada

E Santa Catarina vem temperando essa conquista com projeções otimistas para a safra de inverno 2025/26 do alho: aumento de 12,7% na área plantada, totalizando 743 hectares, e crescimento de 7,5% na produção, estimada em 7,8 mil toneladas. Conhecido como “berço nacional do alho roxo”, o planalto catarinense consolida o estado como quarto maior produtor nacional.

Cebola que faz chorar (de orgulho)

Se o alho divide opiniões, a cebola não fica atrás: ou você ama, ou odeia. Mas, como na cozinha, é difícil separar os dois, Santa Catarina também lidera o país na produção da hortaliça, com área prevista de 19,5 mil hectares e produção estimada em 594 mil toneladas para 2025/26 — alta de 7,5% sobre a safra passada. Ituporanga segue como a Capital Nacional da Cebola, sustentando milhares de famílias e movimentando mais de R$ 370 milhões por ano.

Alho e cebola: paixão ou aversão. Ingredientes que ardem, mas que são indispensáveis.

Lula e Trump: 20 segundos não bastam

E já que o tema é amor e ódio, impossível ignorar a cena da semana em Nova York. Durante a Assembleia-Geral da ONU, Lula e Donald Trump trocaram um abraço rápido — “uma química excelente”, segundo o americano. Foram 20 segundos de conversa, tempo suficiente para acenos diplomáticos, mas insuficiente para resolver o tarifaço que ameaça o agro brasileiro.

O setor viu com bons olhos a possibilidade de reaproximação, especialmente no café, que pode entrar na lista de exceções tarifárias dos EUA. Mas, como lembrou o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion: “20 segundos não apaixona ninguém. Só se for amor à primeira vista”.

Entre o amor e o ódio

Do prato à geopolítica, o Brasil prova que alho e cebola, assim como Lula e Trump, despertam amores e ódios. Podem arder, podem incomodar, mas estão sempre presentes. No fim das contas, o que importa mesmo é se a mistura garante sabor — e, no caso do agro, se garante também proteção e competitividade.

Os colunistas são responsáveis pelo conteúdo de suas publicações e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Upiara.