“Vou me dedicar às BRs”, diz Alckmin na Fiesc

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), respondeu, com uma frase, às cobranças feitas pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, Mario Cezar de Aguiar, sobre a necessidade de melhorias nas estradas catarinenses.

– “Vou me dedicar às rodovias 101, 282 e 470.

A frase pode expressar um sincero desejo, mas, claramente, se revela insuficiente. Santa Catarina precisa receber recursos em volume adequado para que as rodovias fiquem em situação melhor. Quem anda por elas sabe dos problemas existentes. Como lembrou Aguiar, “o abandono das estradas federais e antigo e comprometerá os números positivos que o Estado apresenta. Nossa prioridade número um são as BRs e não podemos esperar”.

Sim. O líder empresarial tem razão. Com rodovias em mau Estado, a economia perde competitividade. Somente o frete aumenta 30%.

O que chamou a atenção foi a ausência do governador Jorginho Mello no evento que reuniu centenas de empresários. Se a questão e política – Jorginho faz oposição ao governo Lula/Alckmin -, ele perdeu a oportunidade de se aproximar de quem decide em Brasília, e tem a caneta na mão para liberar recursos.

Mario Aguiar aproveitou o momento para falar das riquezas e potencialidades do Estado. Santa Catarina e o terceiro no ranking do PIB per capita. Tem a menor taxa de desemprego do país- 3,6%. Tem a quinta maior arrecadação de tributos federais. Somos a sexta maior economia do Brasil. Vinte e sete por cento da riqueza vem da indústria. A expectativa de vida dos catarinenses e de 81,2 anos.

Em seu discurso, Alckmin analisou os diversos aspectos do programa Nova Indústria, lançado esta semana.

O programa contempla R$ 300 bilhões, grande parte do BNDES. Ele se apressou em dizer que o dinheiro financiado terá juros pela TR, e não mais pela TJLP. Falou em descarbonização da economia, do incentivo ao agronegócio, que a indústria crescerá muito nos próximos anos, com os efeitos da reforma tributária.

Os seis eixos do programa Nova Indústria se correlacionam a boa fatia dos negócios instalados em Santa Catarina: agronegócio, infraestrutura urbana, defesa, bioeconomia, tecnologia da informação e saúde.

Com algum exagero, porém com o olhar certeiro, o vice-presidente alertou para o que se imagina possível:

– No futuro só haverá dois empregos: TI e cuidador de idoso.

Significa dizer que se a atual geração não mirar para aumento da produtividade, repetiremos os últimos 40 anos, quando a escolaridade aumentou, mas a qualidade do trabalho desenvolvido caiu.

Também lembrou, com absoluta razão, de que o Brasil e um anão no cenário global dos negócios. Nosso comércio exterior (importações mais exportações) representam menos de 2% das transações feitas no mundo.  Não por acaso, a China domina o mercado latino-americano.

– Precisamos recuperar o mercado da América Latina, recuperar negócios com os vizinhos. Temos de fazer acordo bilaterais porque se não fazemos, não ficamos parados, andamos para trás porque outros vão fazer.


Geraldo Alckmin, vice-presidente da república. Foto: Filipe Scotti

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