Dibea perdeu o rumo ao promover a exclusão social. Por Maria da Graça

Maria da Graça escreve artigo crítico à atuação da diretoria da Prefeitura de Florianópolis responsável pelo bem-estar animal

Maria da Graça escreve artigo crítico à atuação da diretoria da Prefeitura de Florianópolis responsável pelo bem-estar animal

A direção da Diretoria de Bem-Estar Animal (Dibea), da Prefeitura de Florianópolis, nos últimos três anos superou-se a cada dia na demonstração de amadorismo, improvisação, falta de conhecimentos da gestão pública da saúde, desrespeito aos munícipes para os quais o órgão foi criado e o desconhecimento da sua própria Lei de criação (LEI 682/19).

A interrupção do projeto de castração nas comunidades, consolidado por 15 anos de trabalho sem interrupção, é um crime contra a saúde pública. A extinção do projeto Amigo Animal, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que não custava um único real para a Secretaria da Saúde, privou as crianças das escolas municipais de importante e necessária educação ambiental.

Que tipo de mentalidade dirige a Dibea, usurpando do cidadão seus direitos?

O absurdo fica claro com o aviso de que as consultas no consultório serão dadas somente com agendamento pelo Whatsapp. A direção nem ao menos conhece seu público-alvo e parte de falsas premissas como:

  1. De que todos os munícipes carentes tenham Whatsapp e que sabem usá-lo.
  2. Que o telefone da Dibea atende quando o munícipe liga.
  3. De que todos os animais adoecem com hora marcada.
  4. De que todos tenham transporte particular.
  5. De que ninguém depende de carona de terceiros para trazer o animal na Dibea.
  6. D que todos os usuários do órgão tenham que se submeter a exigências excludentes de funcionários incompetentes, pagos com o dinheiro dos seus impostos – é uma premissa ainda mais falsa!


Qual é a única chance de um animal que vive acorrentado, maltratado, doente ou passando fome de ser salvo? É a de que um munícipe atento denuncie o fato com um Boletim de Ocorrência e que a Diretoria do Bem-Estar Animal, órgão com a competência e obrigação legal para averiguar, vá ao local e o resgate para uma nova vida.

Mas isso só acontecia na Dibea de antes. Atualmente, as denúncias são engavetados, ignoradas e o animal só se liberta com a morte, a menos que a mídia seja acionada.

Essa é a Dibea que desrespeita e desconstrói a cidadania de quem denuncia e, ao mesmo tempo, incentiva a impunidade de quem maltrata. Quem tenta pedir socorro pelas redes sociais corre o risco de ser bloqueado pela própria diretoria. Essa é a Dibea que, nos seus quase 20 anos de existência, será lembrada como a Dibea da desconstrução.

Fui a criadora da Diretoria do Bem Estar Animal, em 2005 e estive à frente do órgão até 2012, quando todos seus projetos, pioneiros no Brasil, foram sendo incorporados um a um, visando proteger cada vez mais os animais e estender o braço do Estado até os munícipes carentes que, até então, nunca haviam tido o direito de cuidar da saúde do seu animal.

A atual administração, que dizia estar “arrumando a casa”, promoveu apenas exclusão social, atraso, comprometeu a saúde dos animais, o controle populacional dos animais e, consequentemente, de zoonoses, com a irresponsabilidade de quem não tem o menor preparo para gerir um órgão de saúde pública.

Hoje a Dibea é apenas um cabide de empregos para o vereador do momento e um clube fechado para seus amigos e apoiadores. A sua filosofia de criação, fazer “Saúde Pública com inclusão social”, foi jogada no lixo, o mesmo em que jogaram a estátua de São Francisco, que uma ex-diretora mandou “dar sumiço”.


Maria da Graça (PDT) foi vereadora em Florianópolis de 2015 a 2020. É pré-candidata ao cargo.

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