Escolha de Maryanne para vice de Topázio mostra que no PL de Jorginho antiguidade é posto

Governador Jorginho Mello (PL) escolheu a vereadora Maryanne Mattos (PL) para ser vice na chapa do prefeito Topázio Neto (PSD) à reeleição

O governador Jorginho Mello (PL) confirmou na manhã desta segunda-feira as especulações dos últimos dia que colocavam a vereadora Maryanne Mattos (PL) como favorita para ocupar a vaga de candidata a vice-prefeita na chapa do prefeito Topázio Neto (PSD), que disputará a reeleição em Florianópolis.

Há muitos significados nessa escolha é a principal delas talvez seja que, na dúvida, Jorginho sempre vai priorizar quem estava com ele antes do ex-presidente Jair Bolsonaro se filiar ao PL e o partido deixar de ser o patinho feio da política catarinense. Maryanne Mattos escolheu o PL em 2020, quando procurava um partido que se opusesse ao desafeto Gean Loureiro, que reelegeria prefeito naquele mesmo ano.

Nos quatro anos como vereadora, manteve-se fiel a Jorginho Mello e ao perfil que o PL adotou após a filiação de Bolsonaro em 2021. Aproximou-se, inclusive, da ala mais ideológica do partido, homenageando na Câmara de Florianópolis a deputada federal Caroline de Toni e a deputada estadual Ana Campagnollo.

Como Maryanne virou a escolha de Jorginho para vice de Topázio

Com um mandato que começou na oposição a Gean Loureiro, ela se aproximou da base governista quando o titular renunciou para concorrer a governador em 2022 e deixou a caneta para o ex-vice-prefeito Topázio Neto (PSD). Maryanne concorreu em 2016 a vereadora pela PDT, alinhada a Gean, e rompeu politicamente quando perdeu o comando da Segurança Pública municipal em 2019.

Alinhada com Topázio, Maryanne Mattos nunca foi totalmente assimilada pela base governista. Vinha de lá boa parte das reações a seu nome como parceria de Topázio nas eleições de anos – uma restrição que incluía também a vereadora Manu Vieira (que trocou o Novo pelo PL em abril deste ano). A morte do vereador Gabrielzinho (PL) e a permanência de Edgard Usuy (PL) na Secretaria de Planejamento acabaram fazendo a escolha afunilar em seu nome.

Na última hora, Topázio e seu entorno ainda trouxeram a tona o nome do ex-deputado estadual Bruno Souza (que também trocou o Novo pelo PL em fevereiro). Seria uma forma de criar um fato político para compensar a perda do apoio de Gean Loureiro, agora com o candidato Dário Berger (PSDB). Aí entram os dois sinais claro da forma como Jorginho Mello conduz o PL catarinense:

  1. Antiguidade é posto.
  2. Jorginho faz as escolhas, não importa a pressão.

Maryanne se beneficiou da falta de lideranças estaduais no PL de Florianópolis

Há outras lógicas que não estavam na mão de Jorginho para entender como a vaga do PL na chapa foi parar nas mãos da vereadora Maryanne Mattos. Uma delas é a dificuldade do bolsonarismo de projetar suas lideranças para mandatos maiores. Em 2018, ainda no PSL, e em 2022, as foram eleitos deputados estaduais e federais com esse discurso em Joinville, Criciúma, Chapecó, entre outros, mas esse nome não apareceu na Capital.

Bruno Souza pode ser citado, mas suas escolhas partidárias (PSB em 2018, Novo em 2022) atrapalharam essa construção, que ainda pode ser feita. Essa falta de nomes naturais, até mesmo para liderar a chapa, atrapalham os planos do PL de Florianópolis. Há tempo para Manu e Bruno construírem isso – e a votação da vereadora no disputa pela reeleição será um sinalizador disso.

Eleitoralmente, a escolha de Maryanne Mattos como pré-candidata a vice-prefeita deixa o pré-candidato Topázio Neto ainda mais dependente do abraço de Jorginho Mello. Se a ideia inicial era tirar o 22 da urna, o risco agora é assumir para si o teto eleitoral do PL em Florianópolis. Somado ao movimento de Gean em direção a Dário, a nova pré-candidatura de Pedrão Silvestre (PP) e as esquerdas divididas nas pré-candidaturas do deputado estadual Marquito (PSOL) e do ex-vereador Lela Farias (PT), o cenário de vitória em primeiro turno tornou-se improvável.

Bolsonaro fez 45% dos votos no primeiro turno presidencial em Florianópolis. A vitória em primeiro turno, ideologicamente, dependeria de abrir o leque. Os movimentos mostram o leque fechando. As pesquisas indicando a boa avaliação do governo ainda são o esteio da reeleição e fazem de Topázio o favorito em Florianópolis. Precisa estar preparado, no entanto, para ser alvo direto dos quatro adversários.


Foto: Jorginho Mello com Maryanne Mattos e Topázio Neto na Casa d’Agronômica, no anúncio da chapa.
Crédito: Divulgação.

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