
O mundo acompanha com atenção as notícias sobre a saúde do Papa Francisco, internado no hospital Gemelli, em Roma, devido a um quadro de pneumonia bilateral. O Vaticano informou que o pontífice, de 87 anos, teve uma noite tranquila e permanece estável após enfrentar dois episódios de insuficiência respiratória aguda nesta semana. No entanto, especula-se que, mesmo se recuperando, Francisco possa considerar a renúncia, o que levaria a um conclave para a escolha de um novo líder da Igreja Católica.
Se essa possibilidade se concretizar, o Brasil terá sete cardeais aptos a participar da votação, sendo três deles naturais de Santa Catarina, Estado que historicamente tem se destacado na hierarquia da Igreja.
A Igreja Católica segue rituais rigorosos nos casos de renúncia ou morte de um papa. Nos dois casos, quem assume temporariamente as funções é o Camerlengo (Cardeal Camareiro).
O Camerlengo, uma das figuras mais importantes na hierarquia do Vaticano, verifica oficialmente a morte ou renúncia do pontífice. Ele também lacra os aposentos papais e coordena o governo provisório, conhecido como Sé Vacante.
Os cardeais catarinenses no colégio cardinalício
Santa Catarina é o Estado brasileiro com o maior número de cardeais nomeados ao longo da história, um reflexo de sua forte tradição católica, influenciada pela colonização de portugueses, italianos e alemães. Entre os sete brasileiros com direito a voto no próximo conclave, três são catarinenses:
Dom João Braz de Aviz nasceu em Mafra, no Planalto Norte catarinense. Nomeado cardeal em janeiro de 2012, foi prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, sendo uma figura influente na Cúria Romana.
Dom Leonardo Ulrich Steiner, natural de Forquilhinha, no Sul de Santa Catarina, foi nomeado cardeal em maio de 2022 e atualmente é arcebispo de Manaus. Ele segue os passos de outro grande nome catarinense na Igreja, Dom Paulo Evaristo Arns, que foi arcebispo de São Paulo e faleceu em 2016.
Dom Jaime Spengler, nascido em Gaspar, no Vale do Itajaí, foi o mais recente a ser nomeado cardeal pelo Papa Francisco, em setembro de 2023. Ele exerce atualmente o cargo de arcebispo de Porto Alegre e se destaca no episcopado brasileiro.
Possíveis rumos da igreja
Com a eventual realização de um conclave, o próximo papa pode ser escolhido entre um dos 120 cardeais votantes. Apesar de ser improvável que um brasileiro seja eleito, a presença expressiva de catarinenses no Colégio Cardinalício reforça o papel do Estado na história da Igreja Católica. Atualmente, os outros cardeais brasileiros aptos a votar são Dom Odilo Pedro Scherer (arcebispo de São Paulo), Dom Orani Tempesta (arcebispo do Rio de Janeiro), Dom Paulo Cezar Costa (arcebispo de Brasília) e Dom Sérgio da Rocha (arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil).
Já o cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida, já ultrapassou os 80 anos e, portanto, não está mais apto a participar de um conclave.
SC é berço de cardeais
Desde 1905, Santa Catarina foi o Estado brasileiro que mais teve cardeais, totalizando seis até hoje. No ranking geral, Minas Gerais tem cinco cardeais históricos, enquanto Rio Grande do Sul e São Paulo possuem quatro cada. Outros Estados como Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro tiveram um cardeal cada.
A tradição católica catarinense continua forte, e a influência de seus cardeais pode se refletir no próximo cônclave, caso o Papa Francisco decida renunciar. O futuro da Igreja pode não ter um brasileiro no comando, mas certamente contará com a participação decisiva de cardeais catarinenses.