Chander Turcatti escreve artigo sobre o sucesso do 1º Hackathon do Hospital Dona Helena, que incentivou o intraempreendedorismo e a inovação entre os colaboradores, gerando engajamento e promovendo soluções tecnológicas para desafios internos.
A jornada rumo à inovação, em organizações engajadas neste processo de alto impacto, interna e externamente, demanda o envolvimento das equipes de profissionais, da base ao alto escalão. Foi o que se evidenciou com a realização do nosso 1º Hackathon, no mês de setembro – além de prospectar soluções tecnológicas para desafios internos, o encontro serviu como uma experiência prática para despertar o intraempreendedorismo e transforma pessoas.
Tradicionalmente focado na assistência à saúde, centro de excelência reconhecido em toda a região, o Dona Helena deu um passo ousado ao abrir espaço para um evento que é mais comum em ambientes de startups e tecnologia. O resultado foi surpreendente e deixou claro para todos o quanto a busca por inovação e melhorias pode (e deve) partir de dentro da própria instituição.
A grande sacada foi mostrar que os colaboradores são, muitas vezes, as melhores fontes de inovação. Quem melhor que médicos, enfermeiros, técnicos e administradores para entender as nuances do dia a dia hospitalar e propor mudanças que façam diferença? O intraempreendedorismo, ou seja, a capacidade de empreender dentro de uma organização estabelecida, ainda é subestimado por muitas instituições de saúde, mas eventos como esse demonstram o seu potencial.
Mais do que novas ideias, o hackathon promoveu um ambiente no qual os profissionais se sentiram ouvidos e, principalmente, empoderados. Pude observar pessoas que talvez nunca tivessem tido espaço para se manifestar emergiram como líderes naturais e pensadores criativos. Esse tipo de dinâmica é poderoso: gera engajamento, aumenta a autoestima e faz com que cada colaborador se sinta parte essencial do crescimento da organização.
Na prática, não foi apenas uma competição de ideias, e é esse o espírito. Foi (deve ser) um exercício de colaboração intensa, em que diferentes áreas de conhecimento se uniram para superar desafios em um curto período. Isso exigiu mais do que capacidade técnica; foi necessário desenvolver habilidades interpessoais, como comunicação e resiliência, e gerenciar o estresse do cronômetro correndo. Essa pressão para entregar resultados não só imita as exigências do ambiente hospitalar, mas também testa a capacidade de adaptação e improviso de cada participante.
E o impacto extrapola o ambiente de trabalho. Participar de um hackathon pode ser um divisor de águas na vida pessoal. Muitos colaboradores relataram que a experiência os ajudou a desenvolver uma nova visão sobre a resolução de problemas, tanto no ambiente profissional quanto no cotidiano. A sensação de fazer parte de algo maior, de ser capaz de gerar mudanças tangíveis, transcende o contexto do evento e traz um senso de realização e propósito que é raro em atividades tradicionais.
O Hospital Dona Helena acertou em cheio ao apostar nesse formato. Não apenas porque a iniciativa pode resultar em projetos inovadores para a instituição, beneficiando os pacientes, mas porque é uma ação que mexe com as pessoas. Em um setor tão voltado ao cuidado e à humanização como o da saúde, necessário lembrar que quem cuida também precisa ser cuidado. E o hackathon, ao oferecer essa oportunidade de crescimento e de escuta ativa, acaba sendo um instrumento valioso para isso.
Eventos como esse deveriam ser mais comuns em hospitais. São oportunidades de ouro para fortalecer laços internos e, acima de tudo, mostrar que inovação não precisa vir de fora. Ela já está lá, latente, dentro de cada colaborador, esperando apenas a chance de emergir. É esse tipo de iniciativa que faz a diferença e que prepara as instituições para um futuro no qual o cuidado e a tecnologia caminhem juntos, transformando não apenas o atendimento, mas também as pessoas por trás dele.