A receita de Júlio Garcia para perder eleição

Galvão Bertazzi reinterpreta a histórica e tida como improvável virada de Luiz Henrique sobre Amin na dipusta pelo governo em 2022.

O deputado estadual Júlio Garcia (PSD) foi entrevistado recentemente no programa Parlatório, da Rádio Som Maior, pelos jornalistas Adelor Lessa e Maga Stopassoli e entre tantas aulas gratuitas de política, contou uma história sobre os bastidores da eleição estadual de 2002.

Essa eleição, para quem é mais jovem e gosta de política, entrou para a história como uma das maiores viradas eleitorais entre o primeiro e o segundo turno. Luiz Henrique, do PMDB (atual MDB), venceu Esperidião Amin, do PPB (atual PP), que disputava a reeleição, por cerca de apenas 20 mil votos.

Nesta eleição nós tivemos a primeira onda nacional no Estado, que foi a “onda Lula”. Não chegou ao tamanho da onda Bolsonaro, de 2018 e 2022, mas o PT elegeu senador (Ideli Salvatti), cinco deputados federais (os dois mais votados – Carlito Merss e Luci Chionaki) e nove deputados estaduais. O candidato a governador do PT, José Fritsch, fez 834 mil votos, ficando fora do segundo turno por apenas 84 mil votos.

Essa onda foi importante para a vitória de Luiz Henrique no segundo turno. Lula veio a Santa Catarina dar seu apoio ao emedebista. Só para se ter uma ideia, a onda foi tão grande que no primeiro turno o petista havia feito 56% dos votos dos catarinenses.

Amin ganhou a eleição de 1998 em primeiro turno e fazia um governo muito bem avaliado. No período que antecedeu as convenções, as pesquisas de opinião lhe davam índices estratosféricos perto de 70% de indicação de voto. Luiz Henrique mal chegava aos dois dígitos.

Amin desdenhou pedido de troca do vice

Paulo Bauer, do então PFL, era o vice-governador de Amin e sua substituição, segundo Júlio Garcia, pode ter sido um dos motivos para a derrota mais improvável que poderia acontecer.

O Paulo Bauer não agradou como vice. Ele não nos atendeu em nada e nós queríamos trocá-lo pelo então senador Geraldo Althoff – lembrou Júlio Garcia na entrevista.

Esperidião Amin estava fazendo um governo bem avaliado, não queria a troca do vice e garantia que só aceitava o Paulo Bauer.

O Amin nos disse que vice era do PFL, mas tinha de ser o Paulo Bauer. Nós respondemos para ele que se o vice era nosso, nós escolheríamos. Se fosse para ele escolher, que não fosse dentro do PFL – recordou o deputado.

Júlio prossegue com a história afirmando que tinha certeza de que Amin iria ponderar e negociar, mas o que ocorreu foi totalmente o contrário.

Ele estufou o peito e disse: “então eu escolho”. Escolheu o deputado federal Eni Voltolini, de Joinville, seu companheiro de partido. O Amin estava fazendo um governo tão bom e tinha pesquisas de avaliação que acreditava que venceria a eleição sozinho, até sem vice, e o resultado todos sabemos – completou Júlio Garcia.

Júlio Garcia contou essa história para ilustrar a sua afirmação de que na campanha tudo pode acontecer e um erro pode ser fatal para se jogar fora uma vitória praticamente encaminhada.



Ilustração: Galvão Bertazzi reinterpreta a histórica e tida como improvável virada de Luiz Henrique sobre Amin na dipusta pelo governo em 2002.

Os colunistas são responsáveis pelo conteúdo de suas publicações e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Upiara.