As besteiras de Clésio e Ideli e a lição de Criolo em Criciúma

Jornalista Upiara Boschi relaciona falas de Clésio Salvaro e Ideli Salvatti e usa o rapper Criolo como exemplo diante da falta de bom senso

Dois assuntos aparentemente desconexos: o show do rapper Criolo em Criciúma, quase cancelado pela intransigência do prefeito Clésio Salvaro (PSD), somada à vontade de alimentar seu personagem de rede social; a ex-senadora Ideli Salvatti (PT) despejando toda sua tristeza por morar no Estado que lhe deu seus mandatos e não lhe dá mais.

Dois políticos falando besteira. Cada um a seu modo, fazendo Santa Catarina parecer menor aos olhos do país.

Clésio mostrou porque é, continua e deve continuar sendo um personagem regional.

Isso já estava claro quando decidiu abrir mão de uma eleição ganha, somando seu prestígio pessoal, a capacidade de articulação do PSD e a força do bolsonarismo em uma candidatura só: a do candidato natural pessedista, o deputado federal Ricardo Guidi (PSD). Prefere, no entanto, empurrar morro acima o vereador licenciado Arleu da Silveira (PSD).

Os deuses das eleições não gostam de quem torna difíceis as disputas fáceis. A história mostra. Clésio tem o whats de Esperidião Amin, pode mandar um alô se quiser saber mais sobre isso. Se precisar de mais informações e tiver perdido os contatos, eu posso passar os números de Gelson Merisio e Mauro Mariani também.

De outro lado, bem oposto, Ideli mostrando porque nem mesmo entre os seus consegue ser protagonista na Santa Catarina de 2024.

Ele ocupou o maior cargo de um petista no Estado, eleita senadora em 2002, na onda Lula. Foi, na época, uma espécie de Jorge Seif (PL) com currículo e sem tio-avô protagonista de documentário.

Ideli fez uma eleição digna para o governo em 2010, 22% dos votos (Décio Lima foi ao segundo turno em 2022 com 17%) e depois também se perdeu no personagem. Em 2018, tentou retornar ao Senado com um discurso em que parecia xingar o eleitor catarinense por não dar crédito a ela, ao PT e ao então ex-presidente Lula.

Ficou em sexto lugar, 5% dos votos, em uma disputa em que cada eleitor podia votar duas vezes.

Agora volta à cena dando combustível aos antipetistas com um discurso em que confunde Santa Catarina com suas frustrações. Não vou reproduzir, até por respeito à ex-senadora.

Vou resgatar Criolo, no palco de Criciúma, cidade em que o prefeito fez de tudo para que ele não se apresentasse apenas para mostrar que manda, que a cidade tem alguém que decide quem canta ou não (e não é Gilberto do Alicate). No palco, ovacionado pela plateia, o cantor disse:

Do meu coração, nos quatro cantos do Brasil, nos quatro cantos do mundo aonde eu for, não vou deixar ninguém falar mal da cidade de vocês. A gente não pode misturar as coisas – disse Criolo, e quem não ouviu, sejam clésios ou idelis, deveria ouvir.

Enquanto parte da esquerda catarinense não aprender com o que disse Criolo, que não se pode misturar as coisas, vai continuar longe, muito longe de qualquer retomada do protagonismo e da relevância que um dia teve.

E muito mais longe ainda do coração do catarinense.



Foto – A inteligência emocional de Criolo fica de exemplo para muita gente. Crédito: Instagram do Skate Total Urbe (STU).

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