Depois da tragédia gaúcha, a nova migração para Santa Catarina será inevitavel

Gaúchos ilhados

Eventos da dimensão da tragédia humana, ambiental e econômica no Estado do Rio Grande do Sul nos mostra que muito além de estragos materiais, as pessoas terão de reconstruir vidas.

Evidentemente, que a destruição de cidades e o aniquilamento de negócios vai obrigar a transferência de moradia. Dezenas de milhares de riograndense experimentam a sensação de incertezas profundas em relação ao futuro. Nem pode ser diferente neste momento.

Quando a situação se aclarar, e a emoção for domada em favor da imperiosa necessidade de buscarem novas oportunidades, certamente Santa Catarina será um destino óbvio para milhares e milhares de famílias.

Não será a primeira vez que Santa Catarina vai receber migrantes em busca de dias melhores. A formação do nosso Estado se deu por conta da vinda de gente de diferentes regiões do Brasil e do mundo. É assim hoje, foi no passado, e continuará a ser no amanhã.

Vivenciarmos chegada massiva de gaúchos nos próximos meses e anos.

Essa prévia do que deverá ocorrer precisa ser compreendida no seu contexto e precisa de um olhar atento por parte de nossas autoridades e lideranças.

O passo natural daqueles que perderem, mesmo, a esperança de continuar no Rio Grande do Sul, será ir para outros lugares.

Afinal, mais de 230 mil famílias perderam tudo. Dados preliminares sugerem 600 mil pessoas. Isso significa a população atual inteira de Joinville – o município mais populoso de Santa Catarina.

Quais poderão ser as cidades mais procuradas fora, mas próximas do Estado gaúcho?

Naturalmente, os polos econômicos serão os mais visados. Então, temos Chapecó e Concórdia no Oeste catarinense; Criciúma e Tubarão, no Sul; Florianópolis, São José, Itajaí, no litoral; Blumenau no Vale e Joinville e Jaraguá do Sul no Norte.

São exemplos que anoto aqui para uma reflexão.

Governos do Estado de Santa Catarina e prefeituras terão de pensar em formas de acolher. Serão necessárias políticas públicas para habitação, educação, saúde, qualificação profissional, assistência social, entre tantos outros tópicos.

Com 95% do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul atingido pelas enchentes, e como a reconstrução efetiva do Estado vai demorar anos e anos – talvez uma década, em todos os seus aspectos – os políticos de SC terão, em breve, a missão de planejar emergencialmente (com o perdão da expressão) o futuro, considerando o que está por vir.

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