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8 de setembro de 2024

Em 2024, os políticos fizeram a onda 22 antes do voto do eleitor

Filiações do PL catarinense renderam muitas fotos ao longo de março e abril

Desde que as urnas eletrônicas confirmaram em outubro de 2022 a vitória acachapante das candidaturas do PL em Santa Catarina, a bordo da popularidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Estado, a pergunta que eu e todos os demais jornalistas políticos de Santa Catarina ouvimos é a mesma:

Vai ter onda na eleição municipal?

Onda foi o termo que todos usamos em 2018, quando também a bordo de Bolsonaro, foram eleitos pelo PSL nomes praticamente desconhecidos para os cargos de governador, deputados federais e estaduais – o senador passou de raspão, naquela mistura de sorte, astúcia e saber fazer contas que marca a carreira do hoje governador Jorginho Mello, que ficou 13 mil votos à frente de Lucas Esmeraldino naquela disputa.

Essa onda não se manifestou nas eleições municipais de 2020, mas veio ainda mais forte em 2022 com Bolsonaro filiado a um partido mais robusto, o PL, e com melhor articulação local pelas mãos de Jorginho Mello.

O governador é um ponto decisivo para que eu possa aqui ousar responder no final da janela partidária a resposta à pergunta mais realizada dos últimos dois anos. A onda na eleição municipal já aconteceu nas filiações.

A classe política tenta ao máximo possível se proteger das imprevisibilidades do eleitor. Houve um tempo que isso era feito com megacoligações que limitavam ao máximo a possibilidade de escolha. Agora, o movimento é buscar o 22 antes este mesmo eleitor, votando 22, tire os políticos da política.

O que vimos nos meses que antecederam o fim do prazo de filiações e mudanças de partido, especialmente ao longo do mês de março, foi histórico. Possivelmente o maior movimento de filiação em massa a um único partido político no Estado em tempos democráticos.

Talvez a única comparação possível seja a criação do PSD, que praticamente extinguiu do dia para a noite o Democratas, ex-PFL, em Santa Catarina – em 2011, primeiro ano do governador Raimundo Colombo, protagonista do movimento. Mas era concentrado, um partido que mudou de nome.

O PL em 2020, abrigando alguns bolsonaristas, mas ainda não o “partido de Bolsonaro”, teve resultados de partido médio. Foram 27 prefeitos eleitos (quinto no ranking estadual) e 279 vereadores (quarto), com seus melhores resultados longe das maiores cidades do Estado.

O PL que emerge das fichas de filiação agora já é um dos maiores partidos de Santa Catarina também nos municípios. Os números ainda estão sendo fechados, algumas filiações mais discretas ainda não foram comunicadas. Mas apenas o movimento nas maiores Câmaras de Vereadores do Estado já mostram essa espécie de Pré-Onda.

O PL passou a ser o partido com a maior bancada nas câmaras de Joinville (elegeu um, agora tem cinco), de Florianópolis (de dois para seis), de Blumenau (de um para três) e de Criciúma (de um para cinco). Aumentou representação também em São José (de nenhum para quatro), Itajaí (de um para dois) e Chapecó (de um para dois).

Nessas três cidades, o PSD é a maior bancada. Aliás, o movimento dos pessedistas também é digno de atenção.

Mas este texto é sobre o PL, sobre a política se antecipando a prováveis surpresas, sobre um governador que escolhe a dedo quem cabe no seu imenso bote salva-vidas.

Nessas horas vem à cabeça a frase histórica do emedebista Ulysses Guimarães, em 1991: “ou mudamos ou seremos mudados”. Boa parte da classe política catarinense, talvez institivamente, seguiu o antigo conselho do líder constituinte.



Fotos: Filiações do PL catarinense renderam muitas fotos ao longo de março e abril.
Créditos: Eduardo Valente, Divulgação.

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