O governador Jorginho Mello (PL) anunciou, na noite de domingo, que não acatará aos pedidos dos professores em greve e, ainda, descontará o salário dos integrantes à medida que contratará temporários para reposição. Logo em seguida, membros do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte-SC) defenderam a paralisação – sublinhando tom de “ameaça e desinformação” do governador.
A principal demanda é a descompactação da tabela salarial – o reajuste de salários para diferentes níveis e tempo de exercício na profissão. Por vezes reforçando a “baixa adesão” ao movimento, Jorginho afirma que “fazer tudo que os sindicalistas pedem” é impossível e que, caso fosse acatada, a medida custaria R$ 4,6 bilhões ao Estado.
A gente ultrapassaria e muito os limites da lei de responsabilidade fiscal. Praticamente quebraria o Estado. Atender o sindicato é cometer um crime de improbidade administrativa e gastar mais do que o permitido na lei. E isso eu não farei. Peguei um Estado com rombo bilionário e, com muito trabalho e seriedade, seguirei arrumando tudo o que encontrei de errado – diz o governador.
O valor é contestado pelo economista Mauricio Mulinari, do sindicato, que afirma que a cifra é superestimada – e que há R$ 3,6 bilhões a serem investidos no serviço público catarinense.
Também são contestadas as afirmações referentes a investimentos na categoria.
Enquanto o governo afirma que houve aumento de mais de 100% no vale alimentação, Mulinari diz que o salto de R$ 12 para R$ 18 representa 50%. Por vez, o coordenador do Sinte, Evandro Accadrolli, diz que o governador “‘requentou’ as promessas do ano passado”.
Diz que vai haver o ‘maior concurso’ com 10 mil novos profissionais, mas não libera edital e não diz quando. Também diz da hora-aula, mas não diz quando nem como – prossegue Evandro..
Governo entra em campo
Como resposta à paralisação, Jorginho também anunciou que o governo descontará as faltas dos professores grevistas nas folhas de pagamento e que serão contratados professores temporários para substituí-los.
Segundo José Sério Cristóvam, diretor jurídico do sindicato, “em todas as greves do magistério sempre houve reposição dos dias paralisados e nunca houve confirmação do corte de salários de servidores”.
É crime de responsabilidade atentar contra a probidade na gestão pública de forma que não há nenhuma previsão nem legal, nem constitucional de contratação de trabalhadores temporários para substituição de trabalhadores em paralisação grevista que não foi declarada ilegal ou ilegítima em qualquer instância judicial – finaliza Cristovam.
Jorginho e Sinte prometem novos capítulos
Ambas as partes devem engrossar as intensivas. Enquanto o governador agradece aos “quase 90%” dos professores que não aderiram à greve, a coordenação do Sinte convoca professores para um ato em Florianópolis – à medida em que promete “construir uma greve entre as maiores na história de Santa Catarina para que “o governador gaste sua energia numa tentativa de valorizar os trabalhadores em Santa Catarina”.