Empatada, Batalha de Criciúma foi a primeira do embate entre PL e PSD pelo poder em 2024 e 2026

Na semana que passou, uma recomposição política envolvendo a disputa acabou se tornando a primeira batalha – uma discreta batalha – entre dois grupos políticos que se movimentam para fazer das eleições municipais de 2024 uma etapa prévia ao confronto pelo poder estadual em 2026. O PL do governador Jorginho Mello e o PSD do deputado estadual Júlio Garcia começam a armar as estratégias – tendo, neste primeiro momento, Clésio Salvaro e Ricardo Guidi como peças desse confronto que terminou empatado. Por enquanto.

Há uma semana, o PSD organizou uma grande festa em Florianópolis para comemorar a filiação do prefeito criciumense Clésio Salvaro (ex-PSDB) ao partido, junto com mais x prefeitos e nove vice-prefeitos. Um evento que trouxe o presidente nacional Gilberto Kassab, o governador paranaense Ratinho Júnior e o líder do partido na Câmara dos Deputados, Antonio Brito (PSD da Bahia), além de aglutinar as principais lideranças do partido no Estado. Um encontro que mostrou a capacidade de organização do presidente estadual da legenda, Eron Giordani e a liderança de Júlio Garcia.

Em um dos principais discursos do encontro, Kassab referiu-se diretamente ao experiente deputado estadual e disse, explicitamente, “você estava certo”, em referência à indicação de Giordani como presidente do PSD-SC, derrotando outras correntes internas. Sob o comando de Júlio Garcia e Giordani, nestes primeiros movimentos, os pessedistas conseguiram captar prefeitos e pré-acertar filiações importantes, como os deputados estaduais Paulinha (Podemos) e Vicente Caropreso (PSDB), que ainda não podem migrar oficialmente. Paulinha, aliás, estava no encontro e foi citada pelo prefeito chapecoense João Rodrigues como nova militante do PSD. Entre os prefeitos filiados, estava Paulinho, de Bombinhas, companheiro da deputada estadual.

O encontro ficou com cara de frente de oposição a Jorginho, incluindo na plateia o ex-governador Carlos Moisés (Republicanos) – o que gerou uma imagem emblemática de três ex-governadores na plateia, com os pessedistas Raimundo Colombo e Jorge Bornhausen. Em sua fala, Salvaro discursou como quem volta para casa após 20 anos – em 2003 deixou o PFL, origem do PSD catarinense, rumo ao PSDB. Falou, ainda, que buscou no partido o centro político, “nem a foice e nem a arminha”, em referência à polarização política nacional entre PT e PL que invadiu a política de Santa Catarina em 2022.

Com o MDB enfrentando dificuldades para construir projetos ou lideranças nas 10 maiores cidades do Estado e o Progressistas abraçado ao governo Jorginho Mello, os pessedistas se apresentam como alternativa da política tradicional. A filiação de Salvaro fortalece a posição, agregando uma liderança fortemente consolidada em Criciúma ao peso da João Rodrigues em Chapecó e a ascensão do novato Topázio Neto em Florianópolis. Dos nomes soltos no tabuleiro da política catarinense, Salvaro era o maior e agora, como disse Giordani em seu discurso, o PSD se tornou “o partido que mais administra catarinenses” através de prefeituras, cerca de 2 milhões.

Para Salvaro, a escolha pelo PSD também garantia uma importante equação para seu projeto local. Já reeleito em Criciúma, ele aposta no secretário municipal e vereador licenciado Arleu da Silveira (ainda no PSDB). O PSD tem a pré-candidatura do deputado federal Ricardo Guidi, nome natural do partido. Ao entrar na legenda, Salvaro acabou deixando no ar uma sensação de que essa candidatura natural começava a subir no telhado e que Guidi nada poderia fazer, preso ao partido pelas regras de fidelidade partidária.

Foi aí que veio o movimento de Jorginho Mello e de lideranças do PL próximas a Guidi, como a deputada federal Júlia Zanatta, que fez a Batalha de Criciúma terminar com um empate. O deputado federal foi convidado a assumir a Secretaria de Meio Ambiente e Economia Verde e aceitou. Politicamente não acrescenta muito assumir uma secretaria recém-criada, mas o movimento acabou sendo o troco à tentativa de isolamento imposta a Guidi.

No governo Jorginho com o aval de Júlia Zanatta, também pré-candidata à prefeita, ele sinaliza ao partido que poderia ser candidato com apoio do partido de Jair Bolsonaro e do governador Jorginho. Ou, em outro cenário, um forte e incômodo adversário caso seja levado a mudar de legenda. Qualquer gesto hostil do PSD criciumense poderá gerar argumentos para a desfiliação com justa causa.

Outras batalhas virão. É bom ficar atento às estratégias.


Sobre a imagem em destaque:

No evento do PSD, Clésio Salvaro foi o destaque entre os novos prefeitos filiados ao partido – Paulinho (Bombinhas), Jorge Luiz Stolf (Rio dos Cedros), Paulo Camargo (Matos Costa), Franqui Salvaro (Siderópolis), Duduca (Bocaina do Sul) e Valdemar da Rocha (Balneário Barra do Sul) – sob olhar de Gilberto Kassab. Foto: PSD, Divulgação.

COMPARTILHE
Facebook
Twitter
LinkedIn
Reddit