Mafra lança projeto inédito de interoperabilidade de dados públicos na Smart City Expo Barcelona

A cidade de Mafra, no Norte catarinense, é a primeira do Brasil a contar com um sistema de interoperabilidade de dados que permite acesso a informações e serviços públicos tanto por parte da prefeitura e demais órgãos públicos quanto dos cidadãos. O projeto Smart Mafra – resultado de uma parceria com a startup catarinense SmartCityTec e a plataforma open source FIWARE –  foi lançado oficialmente durante o Smart City Expo World Congress, em Barcelona, a uma comitiva de prefeitos e empresários que acompanha o maior evento de cidades inteligentes do mundo.

Iniciativa inédita no país – que permite centralizar informações do município em plataforma open source – foi apresentada pelo prefeito Emerson Maas a gestores públicos, lideranças e empresários durante o maior evento de cidades inteligentes do mundo. / Fotos: Agência SC Inova

O Smart Mafra é um framework que centraliza todos os dados e serviços do município e conecta em um único sistema: da tributação à solicitação de alvarás e demais serviços públicos (saúde, educação, obras etc). “Eram muitas informações que estavam dispersas em sistemas que operavam separadamente. Não estamos inventando a roda, estamos pensando a cidade de forma mais inteligente”, ressaltou o prefeito Emerson Maas, durante a apresentação. 

O projeto, que está em fase de lançamento, deverá contar futuramente com novos serviços, como video monitoramento e segurança (a chamada “muralha digital”), além de sistemas integrados de iluminação pública e geração de energia limpa, que serão implantados na cidade por meio de parcericas público-privadas. O Samrt Mafra também usa inteligência artificial para orientar os chamados e conectar à ouvidoria. “Uma das vantagens é que não é preciso criar nenhum sistema novo, o que facilita a implantação ao poder público”, acrescenta o prefeito.

NO SUL DE SC, DADOS INTEGRADOS AJUDAM A PREVENIR DESASTRES NATURAIS

Após uma sequência de enchentes entre 2022 e 2023 que afetou cidades como Tubarão, Armazém e Grão-Pará, a região Sul de Santa Catarina passou a adotar uma abordagem integrada para o monitoramento de riscos climáticos. Sem acesso a dados compartilhados sobre o comportamento dos rios, muitos municípios enfrentavam dificuldades para agir preventivamente.

“Em 2022 e 2023 tivemos enchentes graves e não tínhamos informações em tempo real sobre os rios, embora esses dados existissem em diferentes órgãos”, relatou Estener Sorato, prefeito de Tubarão. “A Epagri, por exemplo, monitorava áreas rurais, mas as informações não chegavam às prefeituras.”

A solução começou a se desenhar com o projeto Amurel Conectada, que integra os sistemas dos 18 municípios da Associação dos Municípios da Região de Laguna em um único painel de monitoramento e que também foi apresentada durante o Smart City Expo World Congress. A plataforma permite que prefeituras e defesa civil acompanhem em tempo real os índices de chuva, o nível dos rios e alertas climáticos — conectando bases de dados antes isoladas e oferecendo uma resposta mais ágil diante de eventos extremos.

SC APROVA LEI QUE INCENTIVA USO DE TECNOLOGIA ABERTA

Nova lei em SC regulamenta  interoperabilidade entre sistemas públicos de TI no estado.
Nova lei regulamenta interoperabilidade entre sistemas públicos em SC. Na foto: prefeito Emerson Maas, secretário de Inovação Edgar Usuy, Alberto Albella (Fiware) e Gilsoni Lunardi (SmartCityTec)

A expansão de iniciativas como as de Mafra e da região Sul de SC ganha força com a recente sanção da Lei 19.494, que estabelece o framework Fiware como padrão para interoperabilidade entre sistemas públicos de tecnologia da informação em Santa Catarina. O objetivo é integrar e modernizar plataformas digitais utilizadas por órgãos estaduais, promovendo a troca eficiente de dados, o uso de padrões internacionais e o estímulo à inovação em serviços voltados à população. 

“Este é um conjunto de componentes abertos amplamente adotado em projetos de cidades inteligentes pelo mundo que, além de facilitar a integração entre sistemas, estimula startups e empresas catarinenses a desenvolverem soluções baseadas no framework. Para Santa Catarina, é um passo estratégico para o desenvolvimento urbano, com resultados práticos aos cidadãos”, ressalta Gilsoni Lunardi Albino, cofundador da SmartCityTec.

A lei prevê a formação de um comitê gestor responsável por acompanhar a implementação da tecnologia, capacitar servidores públicos, monitorar resultados e propor melhorias. O Estado também poderá firmar parcerias com universidades, entidades privadas e instituições internacionais para reforçar a adoção do modelo.

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