Reeleita pelo Podemos em 2022, a deputada estadual Paulinha negou que já seja “PSD na Austrália” como brincou o entrevistador Upiara Boschi no programa Parlatório, da Rádio Som Maior, na última segunda-feira, mas admitiu proximidade com o projeto político que têm sido liderado por Eron Giordani, presidente estadual do PSD, e o deputado estadual Júlio Garcia (PSD). Na conversa com Adelor Lessa, Maga Stopassoli e Upiara, a parlamentar mostrou o desencanto com os partidos políticos, oriundo ainda do conturbado processo de expulsão do PDT em 2021, e atribuiu a aproximação com os pessedistas aos “amigos verdadeiros” que por lá cultiva.
Paulinha disse ter respeito pelo presidente estadual do Podemos, Camilo Martins, colega de Assembleia Legislativa, e pela presidente nacional, a deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP), mas deixou claro que está distante das definições partidárias. Por outro lado, elogia o projeto do PSD, considerando que a legenda vive um “momento de ascensão” e se articula de forma a ofertar um grande movimento político em Santa Catarina.
– É o partido que mais tem prefeitos hoje no Brasil, numa gestão do (Gilberto) Kassab (presidente nacional do PSD) que tem angariado apoio de todas as formas. Aqui em Santa Catarina, quando o Raimundo (Colombo) deixa o governo e o (Gelson) Merisio e o Júlio (Garcia) quase se matam, o partido fica em frangalhos. Os partidos são cíclicos. O PSD viveu seu momento de indefinição. Agora passa essa eleição, temos algo que há muito tempo em Santa Catarina não se oferece. Não estamos mais vivendo a época do Esperidião Amin, do Luiz Henrique, de grandes líderes que independente da força política que representavam, deixavam nós todos de quatro. E o PSD começa a orquestrar um time que começa a nos oferecer algo nesse sentido – avaliou a deputada.
Sobre os projetos futuros, Paulinha disse que não pretende concorrer a um terceiro mandato de deputada estadual em 2026. No horizonte, está a disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados para “dar espaço a novas lideranças”.
– Em 2026 eu sou obrigada a arrumar outra coisa pra fazer. Hoje, discutimos a hipótese de uma pré-candidatura a deputada federal, é meu caminho mais lógico, mais provável. Temos muita gente boa com vontade de seguir adiante e dar sua contribuição para Santa Catarina.
Ao mesmo tempo em que reafirma o compromisso assumido com o projeto desenhado pelo Podemos, a deputada se queixa das indefinições e limitações do partido, sobretudo o comando de Camilo Martins.
– O Camilo, que é meu colega no parlamento, institucionalmente nos damos super bem. Mas o Camilo não é um cara organizado nessa questão partidária, institucional. Ele não chama, não nos provoca, não compartilha o espaço nem comigo nem com o Lucas (Neves). Não são os partidos que fazem o mundo. São as pessoas. Vocês vão ver agora a Paulinha nas eleições de 2024. Não esperem me ver no palanque de um único partido político. Eu já apanhei demais e já estou velha demais para fazer política com quem eu não gosto e deixar de apoiar os amigos em quem eu acredito e confio. Não é uma sigla partidária que vai colocar uma faca no meu pescoço para dizer onde eu devo andar – afirmou.
Na entrevista, Paulinha disse que adotou um perfil de “mais sobriedade, mais pé no chão, retomando alianças” no segundo mandato, mas não que não se arrepende da trajetória nos quatro primeiros anos de parlamento – especialmente os desgastes que enfrentou como líder do governo Carlos Moisés (Republicanos) em 2021, quando fez a defesa em plenário do ex-governador durante o primeiro processo de impeachment. Disse, no entanto, ainda não poder cravar se vai apoiar o amigo caso seja candidato a prefeito de Tubarão.
– Eu não quero antecipar um jogo, porque daqui a pouco o Moisés não é candidato, eu digo que vou apoiar e o (Estener) Soratto (secretário da Casa Civil e pré-candidato a prefeito de Tubarão pelo PL) não quer mais falar comigo. Olha a situação que tu me coloca (risos). Hipoteticamente, pelo afeto, pelo carinho que eu tenho pelo Moisés, é claro que se eu pudesse contribuir com sua vitória eleitoral, eu o faria. Mas, evidentemente, tem uma série de outras questões que a gente vai ter que ponderar lá na frente em razão de como a gente vai estar edificando nossa construção de 2026. Eu adoraria apoiar Moisés, mas também passa por uma conversa sobre o que ele pode fazer para ajudar sua amiga em 2026 – afirmou.
Paulinha evitou fazer críticas diretas ao governo de Jorginho Mello (PL) e disse que o jogo situação/oposição ainda não está posto, inclusive pela postura do governador. Acredita, no entanto, que Jorginho vai ter que fazer composições com outros partidos, porque continua politicamente isolado.
– Não tem lugar nem para oposição e nem para situação, porque não tem jogo. Quem coloca o time a jogar, quem tem o baralho, quem é o dono do time, do campo, do técnico, da bola, é o governador Jorginho. O fato é que a gente não teve nenhuma matéria extremamente polêmica, não teve um momento difuso. Talvez possa nos dar um sopro agora essa questão dos 14% (revogação do desconto previdenciário para os aposentados que ganham menos), vamos ver como esse tema vai ornar dentro do parlamento, mas a verdade é que não tem jogo no parlamento ainda. É pouco estratégico hoje, da parte de um parlamentar, na minha humilde avaliação, antecipar um jogo que não está posto – avaliou.
Veja a íntegra do Parlatório com Paulinha:
Sobre a imagem em destaque:
Paulinha no plenário da Alesc. Foto: Bruno Collaço, Agência AL.