
No apagar das luzes de 2026 na nova pesquisa eleitoral da Neokemp mostra o cenário tranquilo para o governador de Santa Catarina Jorginho Mello (PL), mas com alguns pontos de atenção. Realizada nos dias 22 e 23 de dezembro, a pesquisa coletou 1.200 entrevistas em 95 cidades do Estado através da metodologia URA (Unidade de Resposta Audível) e ela cumpre um papel clássico da política: organizar o tabuleiro antes que o jogo comece de verdade. E os números são claros. Hoje, a eleição para governador tem um favorito definido — e uma oposição ainda procurando rumo.
O governador Jorginho Mello lidera com folga em todos os cenários testados. Dependendo da simulação, aparece com algo entre 41% e 45% das intenções de voto, patamar que, em condições normais, já coloca a discussão sobre um eventual segundo turno em suspenso. Mais do que intenção de voto, o dado que sustenta essa largada confortável é a avaliação do governo: quase dois terços dos catarinenses aprovam sua gestão, e a soma de “ótima” e “boa” se aproxima de 60%.
Jorginho só não tem uma vantagem maior no cenário 1 quando o prefeito de Joinville Adriano Silva está no páreo. Com o empresário no jogo, o governador tem 41,3% da intenção de votos, contra 20,1% do prefeito de Chapecó João Rodrigues (PSD) , 14,6% de Décio Lima (PT), 9,6% de Adriano Silva (Novo) e 2,9% de Afranio Boprré (PSol). Não sabem, branco e nulo somam 11,5%.
No Cenário 2, Jorginho soma 42,7%, João Rodrigues 24%, Carlito Merss 8,9%, Afranio Boprré com 6,1. Não sabem e branco ou nulo somam 16,4%. A curiosidade neste cenário é o nome de Carlito, ex-prefeito de Joinville como candidato do PT.
Veja aqui a pesquisa completa.
Desafio dos adversários é romper regionalização e rejeição
A leitura regional ajuda a entender por que a disputa, neste momento, é assimétrica. No Vale do Itajaí, no Norte e no Sul, Jorginho Mello lidera com margem confortável. São regiões onde o eleitor tende a valorizar estabilidade administrativa, previsibilidade econômica e continuidade. O voto é menos ideológico e mais pragmático — e governos bem avaliados costumam ser premiados.
Na Serra, apesar do peso menor na amostra, o cenário se repete: liderança do governador e pouca margem para surpresas.
O Oeste catarinense aparece como o principal polo de resistência ao favoritismo do governador. É ali que João Rodrigues constrói sua competitividade real, por ser uma liderança na região. Seus números são expressivos na região e somam 37,8% no Cenário 1 e 45,7% no Cenário 2. O discurso afinado com o eleitor local e, sobretudo, baixíssima rejeição fazem João Rodrigues ser liderança inquestionável na região.
O problema para João Rodrigues não está onde ele vai bem — está onde ele ainda não chegou. Fora do Oeste, seu desempenho cai, e a distância para o governador permanece significativa. Sem ampliar presença no Vale, no Norte e na Grande Florianópolis, sua candidatura hoje é mais regional do que estadual.
Mesmo situação corre com Adriano Silva. Ele fica em segundo lugar na Região Norte mesmo ainda não oficializado como pré-candidato. No Norte Adriano fica em segundo lugar com 21,3% contra 35,3% de Jorginho. Caso saio do muro o prefeito de Joinville terá que percorrer o interior do Estado para ser conhecido.
Os indecisos: atenção ao voto feminino
O percentual de eleitores que ainda não escolheu candidato varia entre 9% e 12%. Não é um número explosivo, mas é politicamente revelador. Esses indecisos não estão distribuídos de forma homogênea: aparecem mais entre mulheres (que chega a 15%), jovens, eleitores de menor renda e fora do mercado formal de trabalho — um público menos ideológico e mais sensível ao ambiente econômico e ao clima político.
O bloco de indeciso entre as mulheres é um ponto de atenção em toda as pesquisas. A decisão de feminina pode ser fator determinante numa eleição de detalhes para matar no primeiro turno ou levar para o segundo turno.
Uma eleição de gestão, não de ruptura
O retrato que a pesquisa entrega é o de uma eleição pouco emocional e muito administrativa. Não há polarização clara, nem clima de ruptura. O eleitor catarinense, ao menos neste momento, sinaliza preferência pela continuidade — desde que o governo não produza crises desnecessárias.
Para Jorginho Mello, o desafio é clássico: manter a base satisfeita e evitar erros que reabram uma disputa hoje controlada. Para a oposição, o caminho é mais longo: conquistar os indecisos, ampliar território e convencer o eleitor de que há algo melhor a oferecer do que um governo bem avaliado.
A eleição de 2026 ainda está distante. Mas a largada já foi dada.
E, por ora, Santa Catarina corre em ritmo sem turbulências para quem tem a caneta na mão.
Senado atenção no segundo voto e na rejeição

PL domina a disputa do Senado em Santa Catarina. A pesquisa só confirma o protagonismo de Carolina De Toni e do recém chegado Carlos Bolsonaro. O fator decisivo não é quem mobiliza mais torcida, mas quem consegue somar votos sem bater no teto da rejeição.
Os números mostram vantagem clara de Caroline De Toni, que lidera no primeiro voto, cresce no segundo e carrega rejeição mínima. Em eleição de dois votos, isso é quase meio caminho andado para uma das vagas. O eleitor de Caroline praticamente ignora se ela trocar de partido.
Carlos Bolsonaro também larga forte, mas enfrenta o preço da polarização: rejeição alta e desempenho menor no segundo voto. Seu projeto depende de uma campanha nacionalizada e emocional, além de lutar para não ganhar o carimbo de forasteiro.
Na margem, surge Esperidião Amin, o veterano que nunca sai do jogo. Não lidera, mas quase não é rejeitado. Em disputas para o Senado, esse costuma ser o perfil que cresce, portanto não dá pra descartar Amin do jogo.
A esquerda aparece travada pela rejeição e sem capacidade de romper bolhas. Mas talvez é nessa bolha que esteja a maior aposta de trabalhar com a missão de unir a esquerda para tentar abocanhar umas das vagas.





