Plano econômico revolucionário completa 30 anos

Sim, o Plano Real, instituído em 1 de julho de 1994, chega a três décadas com a marca positiva de ter domado o monstro da inflação descontrolada. Os mais antigos, nascidos antes dos anos 1970, sabem bem o que representava a hiperinflação e o desassossego financeiro que causava nas contas das pessoas e das empresas. O Plano Real – uma engenhosa engenharia econômica que deu certo, surgiu como a redenção de uma sociedade apavorada. 

O Plano Real foi fator civilizatório único na história brasileira recente. A lembrar: de 1986 a 1993, os governos criaram seis planos econômicos fracassados na tentativa de domar a inflação. Em 1990, por exemplo, a inflação mensal beirava os 80%! E estava em 40% ao mês na véspera do surgimento do Real. 

Ao longo destes 30 anos, houve alguma melhora no poder aquisitivo da população: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chega a 656%. 

E o valor do salário mínimo subiu 1917% no período. Em 1994, o salário mínimo era de 70 reais. Em 2004 vale 1.412 reais. Claro que as desigualdades econômicas continuam absurdamente elevadas. Mas, vamos ver alguns números e comparações, que vão nos ajudar a compreender os fatos. 

1. O salário mínimo aumentou 20 vezes no período

2. O preço do pãozinho de 50 gramas aumentou 10 vezes. De dez centavos para 1 real. 

3. O litro da gasolina aumentou 10 vezes. Custava 55 centavos e, atualmente, custa 5,90 reais. Mas, atenção: tecnicamente, a comparação mais adequada é a dos preços relativos entre os produtos, e não, simplesmente, analisar os valores absolutos. 

De todo modo, podemos dizer que: a) a população, em geral, teve ganhos financeiros com o Real. b) o simples fato de dar previsibilidade aos gastos, com controle inflacionário (inflação anual abaixo de 5% ) já é outra conquista: aquela que garante estabilidade também num outro campo essencial para todos. 

A estabilidade emocional, sem a preocupação de fazer todas as compras mesmo dia do recebimento do salário. c) Em linhas gerais, e com aproximações não necessariamente exatas, em razão de variações óbvias de lugar para lugar, temos que os preços de produtos comuns na mesa dos brasileiros – café, macarrão, açúcar, creme dental, papel higiênico, pão francês, leite, carne, ovos, gasolina – subiram de quatro a 17 vezes nestes 30 anos. 

A estabilidade da moeda é um valor que não deve ser perdido. A luta contra a inflação precisa continuar. Lógico, que há custos por essa escolha. E embates políticos e de natureza técnica entre desenvolvimentistas e contracionistas. Ainda hoje.

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