Thomé cobra de Lula maior acesso ao FGTS em cidades atingidas pelas cheias

Prefeito de Rio do Sul e presidente da Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí, José Thomé (PSD) está no epicentro dos estragos causados pelas chuvas de outubro e novembro. Ao final da evento realizado pelo governo do Estado para anunciar o repasse emergencial de R$ 150 milhões para os municípios catarinenses, o prefeito riosulense representava o sentimento de toda a região: um misto de incerteza diante dos desafios climáticos, com o despertar de um otimismo pela chegada dos recursos externos para ajudar a reconstruir sua cidade e as vizinhas. O medo é de que a sensação de impotência diante das chuvas contínuas e a falta de investimentos em obras de contenção e mitigação de cheias leve ao êxodo populacional. Chegando ao último ano de mandato Thomé garante que 2024 será “o ano da reconstrução.

Na entrevista, ele se mostrou satisfeito com as ações emergenciais do governo do Estado, inclusive com os programas de empréstimo a juro zero para empreendedores locais através do BRDE e do Badesc. Elogiou a recente visita do ministro Waldez Goés, da Integração e Desenvolvimento Regional, mas cobrou maior presença e participação do governo federal. Especialmente do presidente Lula (PT), que ainda não visitou a região. Thomé quer que o presidente assine uma medida provisória ampliando a liberação dos recursos do FGTS para os habitantes das cidades atingidas pelas enchentes.

– No primeiro cadastramento, foram cerca de 4 mil pessoas para receber o FGTS, em torno de R$ 6,2 mil reais. Se liberar para toda a população que tem direito, isso vai passar de R$ 100 milhões. Então o governo federal precisa estar sensibilizado que o FGTS é o maior impulsionamento na economia local que pode existir – disse o prefeito.

Leia a íntegra da entrevista:

Prefeito, o senhor é o prefeito da maior cidade da região mais atingida pelas enchentes. Qual é o sentimento que vive hoje a região do Alto Vale?

É um momento de bastante incerteza para quem empreende, para quem vive nessas cidades mais duramente atingidas. Temos 13 cidades que decretaram calamidade pública. O sentimento é de um momento de incerteza. De emprego, se o comercio vai reabrir, se vai receber o salário.

E começa uma e vem outra. Teme que essa situação possa provocar êxodo da cidade e da região?

Há essa preocupação. Mas com o anúncio como o que foi feito agora, o Badesc juro zero, para o empreendedor, crédito de até R$ 150 mil, faço questão de dizer; na segunda-feira estive reunido com o secretário [da Fazenda] Cleverson [Siewert], com o presidente Ari [Rabaioli] do Badesc, presidente do BRDE, João Paulo Kleinübing, com diversas instituições que foram sensibilizadas pelo nosso apelo. Tínhamos mais de 20 entidades do Alto Vale na reunião, no Centro Administrativo, onde pedimos essa operação de crédito a juro zero. Saiu hoje, mas os prefeitos, os representantes do Badesc vieram a meu encontro para anunciar que está lançada a linha de juro zero até R$ 150 mil, 12 meses de carência, três anos para pagar. Isso vai ajudar a manter o emprego, o comércio a reabrir as portas, comprar as prateleiras, colocar produto para vender. Precisamos lutar agora pela liberação do FGTS, que não saiu a medida provisória do presidente da República, que precisa ser anunciada. Porque com o cidadão com crédito no bolso, pra adquirir o que perdeu, o comércio tendo dinheiro do juro zero para reestabelecer o patrimônio, é a certeza que a região não vai sofrer com êxodo empresarial ou populacional.

Foi anunciado um auxilio emergencial para as prefeituras. Rio do Sul é um município da Faixa 1, que terá direito a R$ 5 milhões?

Sim, é o município que vai receber o maior volume financeiro. Também conquistamos na Assembleia Legislativa ao longo de três dias mais R$ 1,3 milhão em emendas parlamentares e recursos de transferências especiais através de deputados que têm esse crédito com o governo. Então, estou indo para casa com R$ 6,3 milhões para recuperar estrada, estruturas públicas, o que é muito bom. A gente também percebe é o governo comprometido com as obras de mitigação de cheias. Falava-se das duas barragens, de Petrolândia e Mirim Doce, que vai evitar que o cidadão saia. As obras precisam sair do papel.

A última visita do ministro Waldez Góes, de Integração e Desenvolvimento Regional, deu alento sobre a vinda dos recursos federais para recuperação das cidades?

O que estamos discutindo junto ao governo federal é a questão da ajuda para reabilitação. Recolhimento de entulhos, limpeza e organização da cidade, ajuda humanitária. O Exército brasileiro que está aí, ajudando os municípios. Depois vamos para as ações de reconstrução. É outro processo, que estamos antecipando o debate. Foi importante a visita do ministro para debater ações de reconstrução. No primeiro cadastramento, foram cerca de 4 mil pessoas para receber o FGTS, em torno de R$ 6,2 mil reais. Se liberar para toda a população que tem direito, isso vai passar de R$ 100 milhões. Então o governo federal precisa estar sensibilizado que o FGTS é o maior impulsionamento na economia local que pode existir.

O senhor acha necessária a presença do presidente Lula na região? Gostaria de levar essas demandas pessoalmente ao presidente da República?

Com certeza. Terça-feira, Rio do Sul registrou a sexta enchente. Mandei mensagem para mais de dez deputados federais, representantes dos ministérios do governo federal, para que essa resposta seja dada o mais rapidamente possível. Precisa se ter o posicionamento da presidência da República nem que seja na edição da medida provisória saindo do regramento da lei que diz que só pode liberar o FGTS para quem chegou água na casa. Não tem cabimento isso. Estado de calamidade pública tem que haver diferenciação, tem que ter a caneta do presidente da República. Então é isso que estamos pedindo, suplicando. Para que consigam arrancar do presidente Lula essa medida provisória assinada.

O senhor está no sétimo ano de mandato e vai passar o oitavo ano trabalhando na reconstrução da cidade. O oitavo ano geralmente o prefeito vai desmobilizando. Vai ser desafiador?

Sempre disse que meu segundo mandato seria melhor que o primeiro e foi. Com muitas entregas, muitas obras. Este ano vai ser o ano da reconstrução, do reordenamento financeiro para fechar bem as contas, para não entregar a prefeitura com problemas como quando eu recebi, com problemas financeiros, sem crédito. Hoje a prefeitura de Rio do Sul tem mais de R$ 400 milhões de capacidade de endividamento, de contrair financiamento. E é desse jeito que quero entregar ela no final do mandato.


Prefeito José Thomé fala ao governador Jorginho Mello e ao ministro Waldez Góes. Foto: Divulgação.

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