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8 de setembro de 2024

Por que voto só em mulheres para cargos legislativos

Congresso Nacional durante uma campanha Outubro Rosa em 2014

Neste Dia Internacional da Mulher, o primeiro do upiara.net, acho importante ressaltar compromissos que estão na base do meu trabalho como jornalista e também deste site. Ser um aliado do aumento da representação feminina nos espaços de poder, especialmente na política, é um dos mais destacados desses compromissos.

Não é à toa que temos aqui a coluna Liderança Feminina, assinada pela colega Sol Urritia. A seção de artigos também está aberta às colaborações de mulheres. Nesta semana, de segunda a quinta houve um artigo assinado por mulher por dia. Hoje, dia 8, serão oito artigos, nas horas cheias, a partir das 8 horas. Espaço é poder.

O Dia Internacional da Mulher também é uma data de parar e refletir sobre como os homens podem ser aliados nessa construção. Há alguns anos, decidi fazer uso ao mesmo tempo simbólico e prático do meu maior poder político, embora singelo, para contribuir para o aumento da representação feminina em parlamentos: eu só voto em mulheres para os cargos de vereador, deputado estadual e deputado federal.

Essas três funções são essenciais para a democracia e a subrepresentação feminina é evidente, especialmente em Santa Catarina. Se tivemos avanços na bancada federal, com cinco mulheres mulheres eleitas entre 16 vagas de deputado federal, na Assembleia Legislativa chega a ser vexaminoso que haja apenas três mulheres em 40 cadeiras. Nas Câmaras de Vereadores dos 295 municípios do Estado, informa Sol Urrutia, dos 2.980 vereadores catarinenses, somente 525 são mulheres, 17,6% do total.

Está claro para mim que não adianta defender publicamente o aumento do número de mulheres em cargos eletivos e não votar nelas.

A multiplicidade de escolha do voto proporcional permite que haja boas candidatas em praticamente todas as linhas ideológicas e perfis de candidatura, garantindo que a escolha não se dê apenas pelo gênero. Nas eleições majoritárias, especialmente para cargos de prefeito, governador e presidente, é mais afunilado.

Lembro de 2010, o ano em que Santa Catarina esteve muito próximo de eleger uma governadora. A corrida eleitoral começou com duas candidatas ocupando o primeiro e o segundo lugar nas pesquisas: Angela Amin (PP) e Ideli Salvatti (PT). Ambas acabaram ultrapassadas por Raimundo Colombo e sua ampla coligação, que venceria em primeiro turno.

Angela representava a direita tradicional do Estado, Ideli era a esquerda lulista, Colombo era a cara nova do pefelismo somado ao MDB.

Eram três caminhos possíveis, à escolha do eleitor catarinense.

São perfis muito específicos e é difícil imaginar um voto focado apenas em gênero. Angela, Ideli e Colombo apontavam para caminhos diferentes e escolher um caminho é o que se espera em uma eleição majoritária.

No voto para o legislativo, não. Há candidatas mulheres em todos os partidos, em todos os perfis, apontado para diversos caminhos. E garanto: há sempre uma candidata mulher tão boa ou melhor que aquele candidato homem que você pensa em votar. Faça o exercício. Até hoje, não me arrependi.

Até porque dos 34 parlamentares cassados no Congresso Nacional desde a redemocratização do país, apenas três eram mulheres. Duvido muito que nesse quesito a gente veja aumento de paridade ao longo dos próximos anos.



Foto – O Congresso Nacional durante uma campanha Outubro Rosa em 2014. Crédito: Jefferson Rudy, Agência Senado.

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