Política e os jovens: eterna bigamia. Por Iago Spada

Iago Spada fala sobre a representatividade jovem na política

Por Iago Spada

Quando se chega em ano eleitoral, alguns clichês históricos sempre se fazem presentes, seja um candidato abraçando uma criancinha carente ou tomando aquele café na padaria e posando para a foto, precisamos conviver com situações políticas para lá de piegas, resumindo: forçam a barra. Dentre essas situações, infelizmente, estamos nós, os jovens, que vivemos uma eterna bigamia com o meio político.

Por bigamia entende-se o ato de casar-se com outra pessoa, já estando casado, esculpido também no código penal, a popular traição elevou-se a crime (Artigo 235 do Código Penal), por influência de nossa sociedade que é conservadora na origem. Mas mais importante do que a letra fria do que se assina é o espírito de quem assina, afinal a sua intenção.

No meio político, o jovem tradicionalmente costuma ser chamado a participar da política em ano eleitoral, ganha importância, cara e bandeira, por vezes são iludidos pela classe política, porém, não raro, o que se vê é a intenção velada apenas de aglutinar um segmento eleitoral em favor de alguém, namoram com a juventude, mas querem na verdade, casar com outros.

Passado o período da eleição, o jovem normalmente descobre que foi traído. Antes sentava na mesa de jantar, depois de abrir as urnas, mal e mal ocupa a ante sala, pelo menos às vezes ali da para tomar um cafézinho.

Para o jovem que quer ser candidato, não é lá muito diferente: discursos bonitos e fortificantes fazem da juventude a bola da vez pleito após pleito eleitoral, contudo, o casuísmo político que visa manter o poder a quem tem poder depõe contra a “boa intenção” e acaba por corroer a corda que segura a candidatura de muitas das caras novas na política.

É claro, nem todo jovem está preparado e nem possui a presença de espírito adequada para saber costurar o seu ninho político, a meia culpa deve existir. Por oportuno, Gosto de uma frase de Arthur Rimbaud, poeta francês, ele dizia que “ninguém é sério aos 17 anos”, se formos atualizar e parafrasear um pouco essa frase, poderíamos dizer que ninguém é sério até por volta dos 25 anos.

É verdade, nem tudo é bílis, o jovem nos últimos anos ganhou protagonismo político, desde a época do Impeachment de Dilma Rousseff, há um sentimento de que precisamos ser mais politizados e antenados, a rede social também trouxe novos elementos que somente os mais jovens dominam e o resultado é que temos grandes políticos brasileiros que hoje ainda são considerados jovens, seja Nikolas Ferreira, Marcel Van Hattem, Caroline de Toni, Ana Campagnolo etc, para citar os mais conhecidos.

Que o jovem possa entender que o seu papel na política não é o de apêndice partidário. Há pautas a serem defendidas, há brigas a serem compradas, há muito a ser feito. Não devemos mais aceitar promessas e palavras bonitas com um intuito estranho ao que se ouve. As quintas colunas partidárias atuam fortemente contra os jovens, mas nós estamos mais atentos e mais dispostos a aprender que precisamos nos guiar por projetos e não somente por pessoas, pois projetos não traem, pessoas sim, ah, a bigamia eleitoral.


Iago Spada, advogado e presidente do PL jovem de Chapecó.

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