Cariny Figueiredo escreve artigo sobre a necessidade de que o Brasil assimile as lições de países que se estruturaram para enfrentar desafios climáticos e qualificar a gestão de recursos hídricos, como o Japão e a Holanda.
O recente desastre das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul oferece lições valiosas sobre a importância de estabelecer prioridades claras e adotar medidas eficazes diante de eventos naturais extremos. Ao refletirmos sobre essa crise, é imperativo destacar que a resposta não se limita apenas à gestão de crises imediatas, mas também à adoção de práticas sustentáveis e preparação a longo prazo para lidar com desafios semelhantes no futuro.
Enquanto o debate sobre o aquecimento global e suas consequências pode parecer vasto e complexo, é essencial direcionar nossos esforços para formas práticas de convivência com eventos climáticos extremos. Exemplos notáveis, como o Japão e a Holanda, ilustram como o aprendizado social e a implementação de medidas específicas podem mitigar os impactos das catástrofes naturais.
Ambos os países compartilham uma abordagem proativa na gestão de recursos hídricos, destacando a importância do planejamento urbano e da conservação ambiental. Na Holanda, o Comitê das Águas desempenha um papel crucial na avaliação e no gerenciamento das águas, enquanto o Japão investe em programas de florestamento e na preservação de fundos de vales, prevenindo danos econômicos e sociais associados a inundações.
É essencial reconhecer que essas práticas não surgiram instantaneamente, mas foram desenvolvidas ao longo do tempo por meio de um processo contínuo de aprendizado e adaptação. O Japão, por exemplo, enfrentou desafios semelhantes no passado e buscou soluções próprias, adaptando tecnologias tradicionais e lições de outros países para atender às suas necessidades específicas.
Diante desse contexto, é fundamental que o Rio Grande do Sul e outras regiões vulneráveis, como aqui em Santa Catarina, adotem abordagens integradas de gestão de riscos e invistam em infraestrutura resiliente. A utilização de tecnologias avançadas, como softwares de modelagem de chuva-vazão e sistemas de controle de drenagem urbana, pode oferecer insights valiosos para o planejamento e resposta a desastres.
Além disso, a elaboração de planos diretores de drenagem urbana e manuais de manejo de águas pluviais é essencial para orientar o desenvolvimento urbano de forma sustentável e mitigar os impactos das enchentes. A implementação de sistemas de alerta precoce e monitoramento remoto também desempenha um papel crucial na redução do risco de desastres e na proteção das comunidades vulneráveis.
Em última análise, as enchentes no Rio Grande do Sul nos lembram da urgência de adotar medidas preventivas e investir em desastres climáticos. Ao aprender com os exemplos de outros países e aproveitar as tecnologias disponíveis, podemos trabalhar juntos para construir um futuro mais seguro e sustentável para todos.
Cariny Figueiredo é engenheira agrônoma e presidente do Republicanos em Capivari de Baixo.