Ferrovias para impulsionar a economia de Santa Catarina. Por Antídio Lunelli

Antídio Lunelli escreve artigo sobre a necessidade de união de esforços entre governos federal, estadual, entidades do setor e o parlamento para que Santa Catarina possa ter projetos viáveis de ferrovias

Antídio Lunelli escreve artigo sobre a necessidade de união de esforços entre governos federal, estadual, entidades do setor e o parlamento para que Santa Catarina possa ter projetos viáveis de ferrovias e destaca audiência pública sobre o assunto.

Há mais de 30 anos, a história não muda. A necessidade do desenvolvimento do modal ferroviário em Santa Catarina não sai do campo das ideias e discussões. Muito disso, vale citar, parte da falsa crença da inviabilidade que decorre da complexidade inerente aos projetos. Mas é necessária uma visão ampla, com expertise, do cenário econômico e questões logísticas envolvidas para que a gente ultrapasse a fase de diagnóstico e passe para as soluções de fato.

A situação da infraestrutura catarinense está cada vez pior e, se não pensarmos a médio e longo prazo, os gargalos vão gerar ainda mais prejuízo, sem contar com o risco de colapso das nossas vias, que já não suportam mais a demanda atual. Perderemos investimentos, competitividade e espaço no mercado.

Ainda sem citar a parte técnica, mas fatos recorrentes, já é possível compreender a importância das ferrovias para Santa Catarina. Sem uma infraestrutura adequada, com as rodovias congestionadas, somamos atrasos no processo logístico, como um todo, afetando toda a cadeia produtiva. Tudo isso encarece o valor de produção e faz com que o produto final chegue aos consumidores com preços elevados, tornando nossas ofertas menos competitivas diante dos demais produtores nacionais e internacionais.

Temos ainda a questão da conectividade entre os portos catarinenses através das ferrovias. Esta iniciativa vai permitir que os produtos importados e exportados possam entrar e sair dos portos por vias férreas, conectadas aos maiores centros consumidores e produtores do Brasil.

Não há porto relevante no mundo que não esteja conectado à linha férrea. Atualmente, em Santa Catarina, os portos que estão entre os que mais movimentam contêineres no país – o Complexo de Itajaí e Itapoá – não possuem ligações ferroviárias. Esta realidade precisa ser mudada e adequada aos melhores exemplos que temos no mundo.

A viabilidade e eficiência dos projetos de ferrovias são aspectos fundamentais que precisam ser superados. E, para isso, a estratégia mais acertada é pensar as soluções de modo global, integrado. Os projetos das ferrovias precisam, obrigatoriamente, contemplar eixos complementares e interdependentes, para que se tenha um conjunto ferroviário que funcione a plena capacidade.

A falta dessa conexão, sem dúvida, encarece os projetos e cria-se mais um gargalo na malha viária como um todo, postergando soluções e a implantação dos projetos.

Não tenho dúvida de que, para alcançarmos os objetivos pretendidos e impulsionarmos a economia do Estado, é preciso a união de esforços. Ainda que a passos mais lentos do que o cenário realmente demanda, o impulso, que precisa ser coletivo, tem ressurgido com mais força no Estado. A Fiesc, por exemplo, vem reivindicando e defendendo a elaboração de uma nova etapa do projeto das ferrovias junto ao Ministério da Infraestrutura.

O Governo do Estado também está agindo. Em abril deste ano, anunciou que o Executivo está atuando na construção da Lei Estadual de Ferrovias, uma proposta que será fundamental para que Santa Catarina possa ter autonomia para autorizar a concessão de novos trechos ferroviários.

Na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o tema também tem sido tratado com relevância. Será realizada nesta quarta-feira, dia 22 de maio, uma audiência pública para discutir a implantação de ferrovias em regiões estratégicas para o desenvolvimento econômico de Santa Catarina. O debate vai contar com a presença de deputados, senadores, secretários de Estado, representantes do Dnit e da Fiesc.

Na agenda, serão discutidos o projeto executivo que liga Araquari a Navegantes, prevendo a implantação de 60 quilômetros de malha, conectando o Complexo Portuário de Itajaí à malha ferroviária nacional; e um projeto básico que visa à construção de 319 quilômetros de ferrovia para ligar Chapecó a Correia Pinto, além de acesso ao Litoral.

Projetos para as obras em torno da continuação do contorno ferroviário de São Francisco do Sul, projeto executivo do contorno ferroviário do município de Joinville e projeto básico do contorno ferroviário de Jaraguá do Sul também estarão em pauta.

Não tenho dúvidas de que são projetos necessários para o desenvolvimento de Santa Catarina, precisamos trabalhar para garantir que se tornem realidade e garantam um futuro melhor para nosso Estado.

COMPARTILHE
Facebook
Twitter
LinkedIn
Reddit