Maior liderança eleitoral do Sul do Estado, o prefeito criciumense Clesio Salvaro (PSDB) tornou-se uma ponta solta no tabuleiro político catarinense. Dois meses depois de ter dito em entrevista ao Plenário, na Rádio Som Maior, que sua permanência no PSDB dependia de algum processo de aglutinação com outras legendas e a tomada de “uma posição firme em relação ao governo federal”, ele não esconde mais que deve deixar o partido no ano em que completa 20 anos de filiação.
As conversas mais avançadas são do PSD e do Progressistas (PP) e envolvem uma equação política que garanta a candidatura do aliado Arleu de Silveira (PSDB) à prefeitura de Criciúma ano que vem. Vereador de cinco mandatos na cidade, Arleu é nome de confiança de Salvaro e acabou desbancando a deputada federal Geovânia de Sá (PSDB) na preferência do prefeito para a disputa do ano que vem.
No momento, o PSD está na frente – informação confirmada por Arleu na segunda-feira, durante o evento do Fórum em Defensa das Universidades Comunitárias, em Criciúma. As conversas são conduzidas pelo presidente estadual do partido, Eron Giordani (PSD) e pelo deputado estadual Júlio Garcia (PSD) – com quem Salvaro tem um histórico e alianças e afastamentos. Nas disputas de 2016 e 2020, os pessedistas indicaram o vice, Ricardo Fabris, na chapa de Salvaro.
O deputado federal Ricardo Guidi (PSD), declaradamente pré-candidato a prefeito, não tem participado das conversas. Internamente, os pessedistas acreditam que o conflito entre as pré-candidaturas de Guidi e Arleu é um tema que só precisará ser discutido se Salvaro realmente se filiar à legenda – uma avaliação bem ao estilo do PSD, aliás.
A garantia da candidatura de Arleu e a vida em uma legenda com menos lideranças ao redor é o que pode aproximar Salvaro do PP do senador Esperidião Amin, com quem o prefeito historicamente tem boa relação. O convite foi feito pessoalmente pelo deputado estadual Zé Milton Scheffer – que confirmou a informação também no evento das universidades comunitárias.
O destino de Salvaro e seu grupo político deve ser decidido até maio. Uma coisa, no entanto, é certa. A aliada Geovânia de Sá, preterida para a disputa pela prefeitura ano que vem, não vai acompanhar o prefeito no próximo destino. Na terça-feira, ela participou da reunião da executiva nacional do PSDB que discutiu o andamento das conversas sobre a composição de uma federação com Podemos e MDB. Os tucanos estão mais próximos do Podemos do que dos emedebistas – Geovânia aponta que existem muitas rivalidades entre os partidos na base.
Embora não esconda o desconforto de não ter sido escolhida por Salvaro por 2024, o motivo que manterá Geovânia de Sá no PSDB é mais pragmático: se deixar a legenda neste momento, fica sujeita à perda de mandato por infidelidade partidária. A janela para mudança de partido abre, para os deputados federais e estaduais, em março de 2026.
Sobre a foto em destaque:
Clésio Salvaro vai deixar o PSDB após 20 anos de filiação. Foto: Prefeitura de Criciúma, Divulgação.