logo-branco.png

8 de setembro de 2024

Centro Leste, empreendedorismo, cultura popular e sobrevivência. Por Bia Vargas

Bia Vargas escreve artigo em que relaciona as dificuldades de empreender no Brasil às restrições impostas a bares e casas noturnas no Centro Leste de Florianópolis.

Não é fácil empreender. Lidar com clientes, fornecedores, prazos, não ter férias, CLT, garantia nenhuma. No Brasil, muitas micro e pequenas empresas surgem por necessidade, alguém que arrisca as economias para tentar mudar de ramo, fazer algo que lhe dê mais prazer, ou tentar sobreviver.
Sobrevivência é, no caso do Brasil, a palavra chave.

Para nós que somos micro e pequenos empreendedores, para nós que trabalhamos com eventos e entretenimento e para nós que somos mulheres.

Está enganado quem acha que empreendedor é o Elon Musk, ou algum papagaio depenado bilionário. Empreendedor é trabalhador, ganha pouco, trabalha muito e são responsáveis por fazer girar a economia local.


Essa é a realidade do centro leste de Florianópolis. Uma região efervescente de cultura, lazer e muitos pequenos negócios. Há 10 anos, os bares que foram se estabelecendo ali geram empregos, alimentam famílias e fazem uma ligação entre outros dois pontos também importantes para a cultura local: a Avenida Hercílio Luz e a Travessa Ratcliff. Há uma década, Florianópolis tem um circuito inteiro de bares dos mais variados tipos e que atraem as mais variadas pessoas. Tornando a região tranquilamente a mais democrática da cidade.


É no centro leste que se encontram as comunidades LGBT, os moradores do maciço, o funk, o rock, o pop e o samba. Um símbolo de ocupação urbana fantástico. É no centro leste que muitas mulheres empreendem, sustentam suas famílias, mas também se sentem seguras para se divertir. Porque a gente não quer só comida,a gente quer comida, diversão e arte. E lá tem tudo isso.


Sim, a ocupação noturna do espaço público muda a cara do centro leste e é natural que cause algum conflito e que o poder municipal tenha de intervir para mediar. Mas mediar não é, e jamais será, impor um toque de recolher, jamais será por a existência dos bares e demais empreendimentos em risco, jamais será arriscar a morte de uma atividade econômica fantástica e fundamental, que tornou a região tão democrática.


O que o Topázio fez, desde o decreto de abril, é sangrar e calar pequenos empresários sem dar a oportunidade de empreendedores e público consumidor participarem do processo de decisão. Eles querem fechar as portas que o centro leste abriu e como disse o uruguaio Daniel Viglietti em “Canción para mi America”: “Si no se abren las puertas, el pueblo las ha de abrir”.


Bia Vargas (PT) é empreendedora e pré-candidata a vereadora em Florianópolis. Concorreu a vice-governadora em 2022

COMPARTILHE
Facebook
Twitter
LinkedIn
Reddit

Anúncios e chamada para o mailing