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8 de setembro de 2024

Mês da Mulher e todo ano a mesma coisa. Até quando? Por Cíntia Queiroz Loureiro

Cíntia Queiroz Loureiro expõe sua experiência e avalia a participação das mulheres na política em artigo para o upiara.net

Por Cíntia Queiroz Loureiro

Em breve, veremos nas redes sociais aquelas mensagens bem produzidas com os cumprimentos e exaltações à nossa garra, força e capacidade.

Mas até que ponto tudo isso será sincero, não sabemos.

Todo ano a mesma coisa. Promessas e mais promessas de incentivo à participação da mulher na política, no Executivo e onde mais ela quiser.

Mas o fato é que, por enquanto, esse incentivo fica apenas no discurso e no que exige a legislação eleitoral. Que quando é respeitada, ainda garante algum tipo de autonomia e recursos.

Com raríssimas e louváveis exceções, a participação da mulher na política é muito tímida.

Não somos respeitadas e muitas vezes reduzidas à assessoria de alguém ou usadas para cumprir a cota de candidaturas.

Temos em todos os partidos os setores Mulher, Juventude, Igualdade Racial, etc. Mas sejamos sinceros, se precisa desse tipo de setorização, é porque na executiva do partido e na efetiva tomada de decisões, essas categorias não participam.

Fui por duas vezes convidada a participar como presidente do setor Mulher de partido político. Mas, tenho absoluta certeza que essa participação ocorreu por ser esposa de alguém importante.

Das duas vezes essa presidência serviu apenas para “ter uma mulher na foto”.

Nunca fui chamada para as reuniões de executiva e muito menos para a tomada de decisões estratégicas.

Mesmo assim, insisti e participei. Penso que a mulher deve aproveitar toda chance que surgir para ocupar os espaços disponíveis. Mesmo os com pouquíssima autonomia.

Estamos em tempos de montagem de chapa para candidaturas municipais. E teremos novamente a chance de conquistar alguma participação.

Por isso, faço aqui um apelo a você mulher que lê esse meu desabafo: não aceite que usem seu nome para cumprir a cota. Se você quer e tem potencial para participar da vida pública, coragem! Busque seus direitos. Conheça as obrigações do seu partido com as candidatas mulheres. Condicione a sua candidatura ao cumprimento de todos esses direitos.

Temos que ser duras se quisermos ser respeitadas.

Espero viver para ver o dia em que não precisaremos mais de setores dentro dos partidos. O dia em que a mulher vai entrar em um ambiente político sem se sentir deslocada ou isolada num cantinho da foto.



Cíntia Queiroz Loureiro é arquiteta e urbanista e ex-presidente do União Brasil Mulher de Santa Catarina.

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