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7 de setembro de 2024

Processo de impeachment e futuro do Porto dão o tom na corrida eleitoral de Itajaí

A turbulência política pela qual passa o município de Itajaí refletirá nas definições para a disputa da prefeitura em 2024. A situação, encabeçada pelo prefeito Volnei Morastoni (MDB) e o vice Marcelo Sodré (PDT), sofreu – e ainda sofre – duros golpes da Câmara de Vereadores, que, por torto e direito, levam a cabo um processo de impeachment contra o prefeito que deve se arrastar durante boa parte da campanha eleitoral. Neste cenário, as demandas locais, que incluem a novela que envolve o Porto de Itajaí, ficam para 2025.

Com maioria formada na Câmara Municipal, a oposição põe adiante uma ação de cassação dos mandatos de prefeito e vice com base em uma denúncia de que Morastoni teria recebido salários integrais enquanto estava afastado do cargo.

Para Sodré, as acusações tem objetivo eleitoral, visando “arranhar a imagem” do Executivo, criando, assim, caminho livre para a prefeitura. No que classifica como uma “denúncia infundada e maliciosa”, o vice vê o processo como uma banalização dos instrumentos políticos. “Fica a mensagem de que ou se dança de acordo com o passinho certo do Legislativo ou é ‘impichimado’”, diz.

Sodré será o nome para manter o legado da chapa eleita em 2020. Recentemente, foi indicado pelo presidente do Sebrae, Décio Lima (PT), como superintendente do Porto de Itajaí, que sofre com falta de contêineres e desinteresse, por parte de empresas, de assumir contrato de arrendamento. Segundo ele, a infraestrutura sofreu, no governo Jair Bolsonaro (PL), com a impossibilidade de continuar em atividade e, agora, com o governo Lula (PT) não “botando na praça” um edital definitivo.

O atual vice-prefeito teria o apoio de uma frente composta por PT, PDT, PSOL, PSB e PCdoB. Lideranças do Partido dos Trabalhadores afirmam, no entanto, que um projeto para a cidade está sendo construído antes que uma chapa seja definida. A certeza é de que prevalece a ideia, entre o grupo, de impedir que apadrinhados por Jorginho ou Ana Campagnolo (PL) se tornem prefeitos da segunda maior economia de Santa Catarina.

Neste contexto, Robison Coelho, ex-tucano, ex-vereador e ex-candidato a prefeito de Itajaí, foi atraído ao PL de Jorginho Mello e posto no estratégico cargo de secretário estadual de Portos e Aeroportos. Líder nas pesquisas externas, Coelho ainda não mostrou efetivo serviço frente à pasta. Viu, ainda, partir do PT o paliativo que deve segurar as pontas do Porto enquanto um edital definitivo não é lançado.

No PL, Coelho passa de parlamentar com perfil opositor atuante, para uma das legendas mais fortes da base de apoio a Morastoni. A mudança garantirá, além da oportunidade de atuação frente aos Portos, maior tempo de TV e a estrutura partidária à disposição.

Mas há discordância no PL. A recente filiação do vereador Rubens Angioletti abriu disputa no partido. O parlamentar chegou a convite de Ana Campagnolo e, sendo o vereador mais votado em 2020, tem cacife para a disputa.

Durante a última sessão extraordinária que derrubou o pedido de arquivamento do processo de impeachment contra Volnei e Sodré, Angioletti poupou as críticas sem abrir mão do voto favorável à continuidade do processo. Desde já, o presidente municipal dos liberais, Denísio Dolásio, afirma que o candidato será aquele que melhor se colocar nas pesquisas.

Dentro da Câmara, o líder da oposição Osmar Teixeira (Solidariedade, por enquanto) é tido como nome a participar da disputa que se desenha. Foi o candidato a deputado estadual que mais recebeu votos em Itajaí, fruto da presença ativa nas redes sociais e trabalho nas áreas mais populosas da cidade. Osmar está em conversas avançadas com o PSD, tendo solicitado a carta de desfiliação do Solidariedade – pedido não acatado pela presidência estadual do partido, no momento. Espera-se que a migração seja feita em breve, a tempo de formar frente de oposição à gestão de Morastoni.

No ramo empresarial, os nomes de Fábio Inthurn e Emílio Dalçóquio foram ventilados. Inthurn, do ramo da construção civil, assumiu a presidência do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon) de Itajaí em abril e, apesar de estar “lisonjeado” com a veiculação de seu nome nos bastidores, afirma que não articula e nem tem interesse em cargos públicos eletivos. Recentemente, o município passou por uma revisão do plano diretor, o que segundo Fábio motiva o foco nas demandas do sindicato.

Do outro lado, Emílio Dalçóquio, herdeiro da transportadora que leva o sobrenome e apontado pela PRF como líder dos bloqueios às rodovias catarinenses no ano passado, esteve reunido com Jair Renan Bolsonaro na última semana. Na conversa, foi levantada a possibilidade de formação de uma chapa para entrar na disputa. O fato é pouco provável, visto que o filho 04 de Bolsonaro possui bênção de Fabrício Oliveira (PL) para disputar a Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú.


Sobre a foto em destaque:

Foto: Bruno Gallas/Upiara.Online

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