Uma Florianópolis à altura da memória urbana, dos lugares e das pessoas. Por Michel Mittmann

Michel Mittmann escreve artigo sobre a adoção do Retrofit pela gestão municipal de Florianópolis para revitalizar edifícios históricos e degradados, promovendo acessibilidade e reutilização sustentável, destacando iniciativas como o “Imóvel da Gente” e projetos financiados pelo BID para recuperar vias e imóveis no Centro Leste.

Historicamente, o abandono de edifícios, especialmente os históricos, resulta na deterioração das estruturas e de seu entorno. A Capital São Paulo é um exemplo claro, com inúmeros prédios desocupados e áreas urbanas altamente degradadas. 

Para não repetir esses erros, a gestão municipal enxerga o Retrofit como uma estratégia inteligente para a recuperação e ressignificação dos edifícios antigos, valorizando tanto a cidade quanto seus moradores. Essa abordagem permite recuperar dignidade aos edifícios, revitalizando os espaços urbanos ao redor. A recente revisão do Plano Diretor e a aprovação da Lei do Retrofit pela Câmara Municipal de Vereadores estabelecem as bases para incentivar estas adequações para acomodar as estruturas administrativas municipais e de atendimento ao cidadão. 

A nova lei permitirá também que prédios construam rampas de acessibilidade nas calçadas, promovendo a inclusão e a acessibilidade. Ao reutilizar edifícios existentes, não apenas preservamos o patrimônio histórico e economizamos recursos, mas também criamos espaços modernos e eficientes, dignos da cidade e de seus cidadãos. Entre os imóveis sendo trabalhados como sede urbana da prefeitura estão a atual sede da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), a escola Antonieta de Barros, o antigo prédio dos Correios, o Edifício do Ministério da Saúde em frente ao TAC e o Terminal Cidade de Florianópolis. 

Esta utilização de edifícios é resultado de parcerias com o governo do estado e do programa “Imóvel da Gente”, do Ministério da Gestão e Patrimônio da União. Este olhar para o Centro Leste não é isolado e recente. Um dos pontapés iniciais foram as obras de recuperação de vias e criação de espaços mais qualificados para os pedestres na região. A iniciativa, integrada ao projeto “Floripa para Todos”, financiado pelo BID, será reforçada por meio da recuperação de vias e imóveis na área. 

Além disso, a integração de planos mais amplos depende da conectividade e da vida urbana independente no setor leste, como o projeto do Aterro da Baía Sul que visa redescobrir o mar e promover atividades culturais e sociais para a população. Também estão previstos investimentos no Terminal Cidade de Florianópolis e na Escola Antonieta de Barros, cujo projeto já foi finalizado e está nas etapas licitatórias finais para o início de sua revitalização. 

Uma cidade com prédios abandonados não é a cara da Floripa que queremos. A utilização de edifícios já existentes para as estruturas da Prefeitura e para o atendimento ao cidadão é uma forma de honrar a memória urbana do município, valorizando pessoas e lugares. É um caminho que conecta, de forma sustentável e inteligente, o presente ao passado, apontando para um futuro onde a antiga cidade não é deixada de lado.

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